Tu
és o sonho de uma mente dilacerada.
Mil
faces em mil tamanhos,
olhando
de soslaio por um milhão de janelas
todas
sem resposta e sem o menor sentido.
Eu,
sonho enclausurado de um homem
viajando
pela galáxia do mundo.
Vejo-te
e te perco, por anos cem,
nos
centésimos de cada segundo.
Será
que a vida uma resposta tem?
Nessa
ausência de pulsação me afundo,
meus
olhos, mesmo fechados, não dormem
e
permanecem num torpor profundo.
Meu
peito, nova âncora no oceano,
puxa-me
no atlântico turbilhão.
Afogo-me
já progressivamente
ao
pensar nessa ilustre imensidão
que
me devora a alma e puxa a mente
e
eu... Eu deixo de ser só um humano.
Sou
antes uma falha, eu-ignoto,
sem
respostas, nem detalhes.
O
plástico indeciso que derrete
ao
sabor de uma chama nova.
O
cheiro tóxico que invade o ar
e
que busca, aleatoriamente,
uma
resposta qualquer que houvesse
em
um canto fresco de uma calçada errante.
Assim
desfeito, encontrar-te-ei
na
escravidão cotidiana,
por
detrás de meus olhos, míopes e embaçados,
já
sem o ímpeto de qualquer reação.
Terás,
então, o deleite tragicômico
de
encontrar o que precisas no exato momento
em
que a necessidade já se desfez
tal
qual sofre o pobre grão de açúcar a ser
afogado
sem piedade na xícara de café.
Nesse
dia, dotado de um alinhamento ectoplasmático,
estaremos
tristes. Nós dois juntos.
Ainda
sem resposta.
Caio
Bio Mello
08/02/2015