sexta-feira, 10 de julho de 2015

Nobre buraco de lama



Oh, buraco,
                        buraco de lama
                                               nobilíssimo oligarca do chorume
És o silêncio da barca
                        a voz que clama
e puxa o público
                                   num discurso-flama.

Buraco, és fundo como o silêncio,
            derradeiro bastião da escglória subterfúgica,
do peito a chama
                        e da glória, a juventude.

Tu, que amas,
            e afrontas e lutas,
sabes muito bem da rouquidão mundana.

Ao pisar em ti, oh patriarca lamacento,
            perco os sapatos,
mas recobro o juízo.
                                               Porque, só sujo como tu,
                                               lembro-me bem da podridão humana.


Caio Bio Mello
10/07/2015

O eixo da Terra



Trezentos e sessenta e cinco dias
do astro leva nossa Terra ao redor
para fazer o que já não fazia,
pelo rodar do seu caminho mor.

Terá, em si, sentimento (re)dor,
aquele que jamais conheceria
se lhe não houvesse o prévio estupor
que há um ano sentiu na noite fria.

O repisar do caminho trilhado
é poder se dar nova rotação
num eixo que nunca vai se alterar.

Nós temos um único coração,
isso não podemos nunca mudar.
Mas cabe a nós lhe dar significado.

Caio Bio Mello
10/07/2015