segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Poebomba H



A poesia que há em mim...
Não posso contê-la.
Não possuo a capacidade de fazê-la parar.

Ela existe.
Quer eu a aceite ou não.
Quer eu a escreva ou não.

Ela vai batalhar por sua liberdade.
Ainda que eu a rejeite, ainda que eu procure impedi-la,
ela vai rasgar meu peito e deixar-me sangrando no chão
até que possa alçar seu voo próprio.

Não sou ninguém. Ela existe. Eu não.

Caio Bio Mello
29/12/2014

Quadrilátero



Permite que o silêncio
apague este momento
como fazem as balas
que perfuram o peito.

Caio Bio Mello
29/12/2014

Sweat



His dreary body
Trying to find new fears
But only colliding and merging
Into new shapes of himself.

He quivers. Profound eyes.
He gazes upon the stars
And finds nothing but ancient tales.

The nail cuts deeply into his lungs.
No more breath shall be whispered.
No more stories shall be told.

No more lyricism shall ever again be fulfilled!
For he now remains in silence.
The distant fading life
that once lived in a star.

All remains still
as if he had ever written
one forsaken word
one small verse
or even a trace
a tear, whatever!,
that would prove
his poetical being.

The shadows exist.

He is a shadow.
Deep
soul
fog
bitterness.

He is now a fetus
a lung cancer
a hair dresser
a kid running in the park
a bite
.
…… He is nowhere. And, just for this moment, it does not matter. It simply, awkwardly, definitely, does not matter.

Caio Bio Mello
29/12/2014

Desfecho



Não há redenção no caminho dos sombrios.
A exclusão de si mesmo,
como um reflexo pálido em um vidro frio,
devora a carne com dentes apodrecidos.

Há castas, camadas e cascatas.
Vertem-se os suspiros, os conta-gotas,
os pelos arrepiados.

Não há volta no labirinto
(caminho disléxico muito bem regrado)
nem dois trechos que se repitam.

Fechados os olhos,
tudo o que resta é esperar que a imagem
da luz recente se desfaça novamente
em veias e sangue.

A profundidade da vida é imensurável.
As teias da noite ou capturam gordos insetos
ou são rasgadas pela exaustão.

O que resta é manter-se existindo,
carregar os genes tortuosos por futuros incertos,
pois a madeira continuará a ranger
quer o coração continue a bater, quer não.

O corpo se desfaz. As penas perdem o voo.
Olhos, quando de vidro, não têm o mesmo brilho.
Pernas que mancam não têm a mesma desenvoltura.
Os vincos. As cicatrizes. A atonalidade.

A caixa com furos e olhos que se perdem.
O fôlego abafado, quente.
Imerso em seus próprios dejetos, ele permanece.
Crescem os pelos.

O frio entra pelas frestas. É bom que chegue logo.
Melhor a certeza pobre
do que a loucura rica do destino.

Fecha o mundo e gira a fechadura.

Caio Bio Mello
29/12/2014

Arrepio

Estás vivo,
Poeta?

sábado, 27 de dezembro de 2014

Teatrolêncio

Sou excêntrico
para a minha plateia
que não existe. 

Caio Bio Mello
27/12/2014

Resgate


                       Desafogo-me
            de mim
                                               mesmo.

Caio Bio Mello
22/12/2014