domingo, 28 de julho de 2013

A incrível aventura do Buscador de Luzes



Eu buscava as luzes.
Eu as desejava.

Sem saber por que,
nem mesmo pensar sobre isso.

Queria dizer pro mundo
milhões de meias verdades
que só nós carregaremos
e ninguém vai descobrir.
Eu não sei por que me fui,
juro, prometo e repito.
Eu só sei que fui andando,
passei paralelepípedos.
Os mamutes mastodontes
bem de tarde e de manhã
pensavam em dar bom dia,
mas, tristes, seguiam reto.

E eu continuei essa busca pelas coisas
nesse porvir que a gente encontra
bem debaixo assim da nossa pele.

No mundo indizível das cores paralelas
pretas verdes rosas azuis monarcas.

Eu busquei as luzes, procurei todas elas
com intensidade que elas mesmo me aqueceram.
Persegui todas elas, uma por uma
na imensidão do céu azul e do oceano sem fundo.
como se eu fosse criança de novo.

E fui dizendo a mim mesmo ao longo do caminho
você vai conseguir você vai conseguir você vai conseguir
e não sei bem se conseguia.

As luzes, distantes e difusas, cruzavam a rua e subiam no palco.
Eu? Eu... Permanecia. Ali, fraco e indefeso.

Quem seria eu para querer alguma coisa?
Eu vivia de fracas metáforas, um moço de poucas carnes e muitos obrigados
e os por favores que ninguém quer pedir.

O palco distanciando-se e as luzes de seu modo sendo tudo
e sendo nada e sendo o globo.
Sim, globo, a esfera azulada
pequenina como se eu fosse o saudoso poeta
cruzando as pequenas ruelas de Pernambuco também.

E busquei lá em Recife,
bem debaixo das areias.
Para encontrar luz que fosse
que pudesse me orientar.

E eu me trouxe de volta
do fundo do túnel obscuro e abstrato
da metafísica dos homens e das plantas
e também das mulheres
(oh, quem as conhecem que o digam)...

Me trouxe puído. Roto. Velho.
Um ar gris por cima dos pulmões
já abafados pela fumaça.

Sim! E as luzes lá no fim.
No final do corredor,
no final da sentença,
na loucura dos humanos
e na incompletude dos números.

Eu era incompleto. Sou ainda. Preciso das luzes.
São meu vício, meu alucinógeno necessário de homem sóbrio
que, sorumbático, soturneia as madrugadas de olhos abertos.

Eu não dormia. Não consegui dormir.
Acordava, louco, em busca delas.
Luzes? Que luzes? Que se percam as luzes.

Perdidas já estavam, assim como eu.
Talvez eu num carro apertado no trânsito
aumentando minha gastrite e meu peso,
enquanto elas na porta lateral do Universo.

O meu Globo era menor.
Sim... Mais reduzido, prático e coeso
como aqueles pequenos gibis
que a gente precisa ler de cabeça para baixo.

Nem as minhas mãos já não podiam fazer poemas
e eu já não era um poeta.
Eu era só um teclado
uma caixinha de ferro
que vive girando coolers
mas que se tome nos coolers todos eles.

E a jornada não mudava de lugar,
nem mesmo alterava seus parâmetros.
Era um quadrado. Isso.
Não, melhor ainda. Um círculo.

Um círculo é sempre idêntico.
Um círculo é sempre igual
e isso era muito importante naquele momento.

Porque eu não conseguia ver o fim de nada.
Por isso, tudo sempre parecia novo,
mas também parecia velho ao mesmo tempo.

E meus dedos... Estúpidos!
Meus versos perdiam o sentido
e ficavam moídos por debaixo da carne
como se houvessa carne alguma
e como se tudo fizesse sentido...
Mas não fazia!

Não! Ah, claro que não!

Não faziam o MENOR sentido,
entre suas dementes idas e vindas
e pervindas e televendas.

Eu
ali
no
da
gravata

Tentando fazer o magma existencial a me obedecer
para que me desse o que eu precisava. Sim, precisamos.
Nós todos. Alimentados pela sopa primordial,
criamos montros imensos
e derradeiros suspiros solitários em camas decrépitas.

E nossos corpos rotos serão enterrados
e devorados pelos vermes. Ou cremados e
servidos como prato cheio de adubo para plantas.

E todos os bastardos que restarem no mundo
passarão anos a fio
só discutindo quem vai ter o direito na justiça
de ficar com aquele maldito apartamento na praia.

E nenhum deles gostava de praia! Um absurdo...
Quem sabe a luz solar?
Um remédio estático para um corpo distraído
que se alimenta de uma tela sem sentido.

Nem tinta nós temos mais hoje.
Eu não posso sequer queimar meus próprios poemas.
Antigamente isso era mais divertido.

Ah, as pessoas tinham páginas e páginas de falta de luz
que seriam posteriormente queimadas. Hoje, não queimamos.
Isso não seria eco-friendly. E as luzes, então?
Seriam o que nesse momento contemporâneo?

Àquela época, eu jamais saberia dizer.
Era um absurdo o que faziam com o mundo.
Ele, tonto, hoje e amanhã e não sei mais quando.

Os apolíticos sem sentido. Os preconceituosos,
os odiosos, os sombrios.
Sim, as sombras. Elas talvez...

Foi então que as reparei: recônditas, bizarras, grotescas...
As sombras me cercavam por todas as partes.
E nelas o pensamento fluía como sangue.
Um impulso, um soco na boca do estômago.

Ansiosas, elas formigavam minhas mãos e meus pés.
Apontavam minhas chagas, minhas feridas abertas
onde os mosquitos faziam seu melhor desjejum.

Eu as desprezei, de início.
Mandei elas irem embora.
As sombras.
Sombrias, entende?
Assombrosas. Sombreiras.

Não as desejei. Não as quis. Não me interessei.
A gente nunca sabe o que vem de dentro,
naquele canto escuro que ninguém sabe o nome.
Um novo órgão que a medicina ainda não teve a capacidade
de descobrir no corpo humano.
Um metaórgão. Pseudocarne. Além da física dos nervos.

E foi lá mesmo que cresceram as sombras.
Não em mim, porém. Mas um pouco em tudo. Em todos.
Nos crentes, nos descrentes, nos devedores e nos credores também.
Na máquina louca do mundo como um todo.

Cresceram diversas sombras. Uma por uma, as pessoas ganharam sombras.
Para acompanhá-las onde quer que fossem. Sempre.
Houvesse luz, haveria sombra.

E, nelas, disforme e medonho, vi-me completo de novo.
Torto, desconexo. Letras dispersas e sístoles espasmódicas.
Em meio à grama os grilos se divertem.
E os olhos inundaram-se mais uma vez. Naquela maravilha.
Na certeza de ter.

Eis as sombras. A mais nova loucura da vida num frasco de vidro.

Caio Bio Mello
28/07/2013



Transparência



Lá estava ele:


NU

 
Caio Bio Mello
28/07/2013

terça-feira, 23 de julho de 2013

Chamego

Não é a cidade
que é fria.
São as pessoas 
que não sabem se abraçar direito. 

Caio Bio Mello
23/07/2013

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Saudades



asdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsdddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddsddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddd

Caio Bio Mello
22/07/2013

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Medidas








 Nem tudo que é grande é pequeno
e
Nem tudo que é pequeno é grande.



Caio Bio Mello
15/07/2013

sexta-feira, 12 de julho de 2013

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Loteria


Que se faça o silêncio,
então,
ao que é posto e não se vê.

Caio Bio Mello
11/07/2013