quinta-feira, 28 de março de 2013

Beurteilt



Ich sehe mir in die Augen.
Ich suche meine Seele.
Ich begreise meine Körper.

Ich weiss nicht,
ob ich eine Welt habe oder nicht.
(die Welt ist endlos)

Das Tier ist ein Biest.
Der Mond ist eng.
Ich habe die Gefühl,
dass die Krise von innen kommt.     

Das Leben. Ein Traum?
Ein sehr langes Lied.
Vielleicht nicht besonderes,
oder nicht verkäuflich.

Und ich… Ich bin.
Nur das.
Ich fühle jeden Herzschlag
und liebe jeden Tag.
Das ist alles.

Caio Mello
28/03/2013

terça-feira, 26 de março de 2013

Manicômio



Estou louco de fato.
Estou nu no meio do mato.
Se me pegarem assim? Eu juro que mato.
Não se pode invadir a vida de um homem no meio do ato.

Foi-se o tempo no qual a vida fazia sentido.
O nexo... Que nexo? Tal rancor de peito aberto.
O velho. Ele estava certo!
Ele me dizia que eu nunca devia ter nascido.

Ninguém faria o que faço,
nem se estivessem sozinhos no espaço.
Afinal, eu sou o ilustre palhaço
pintado de rosa, ambulante estardalhaço.

Eis um homem que nunca soube deixar a infância,
que nunca soube medir seus passos...
Está imerso na eterna ignorância,
vivendo o dia a dia num nó de laço.

Nufóbico raquítico recém-desnudo
o corpo branco e parco
relucinantenógeno
abasgatrusbeno

Mas calma... Eu nunca conheci um louco de perto. Loucaria ele assim reflexivamente? Ou seria a insanidade um estado tão profundo da alma que o louco não se saberia maluco? Os loucos são loucos e não o sabem: pensam-se sãos.

É...
Estou são de novo.

Caio Mello
26/03/2013

Fios envoltos por círculos dourados



Apenas um reflexo do que queria ter sido.
O corpo franzino, enfraquecido pelo tempo.
A alma apertada, carcomida e
imersa em diversas cicatrizes.

Dores e arrependimentos.
Imunda sensação de incompletude.
A mente padece e o corpo
logo se desfaz.

Os dedos já não são os mesmos.
As mãos já não são as mesmas.
Eis o mundo: supérfluo.

Um eterno circo de si mesmo.
O ato, o palco e os contos.
As ideias, os sonhos...
A utopia desmembrada.

A criança nunca cresceu
e o velho regride.
A condição de ser terra
e nunca ser raiz.

Aprofundamento na própria carne
e a carne regurgitante.
E os ideais, se os traísse?
Permaneceria talvez... Uma hipótese.

O claustro é a própria mente,
a solidão é mais um sentido.
Um sentimento isolado
preso a informações repetitivas.

O tempo perdido andando de costas.
Aquela tarde, aquele dia... E o presente.
O pressentimento e o recinto.
O ressentimento.

E uma nesga de libertação.

Caio Mello
26/03/2013

domingo, 17 de março de 2013

Atriz



O teatro está lotado.
Mulheres de vestido e homens de terno.
É proibido fumar no recinto.

Um burburinho abafado toma conta do local.
Ideias sobre o mercado de ações.
A luz diminui. Silêncio apreensivo.
Iluminação.

Ela sobe no palco.
Não depressa. Convicta.
Fica de pé bem no meio da vista de todos.
Ela encara a multidão sentada.

Ninguém mais conversa.
Alguém se esforça para tossir baixo,
com medo do olhar forte da moça.

Ela tira a primeira bota
puxando-a com as duas mãos, enquanto dobra o joelho.
Não perde o equilíbrio.
Atira a bota quase na plateia.

Ainda silêncio.

Arranca a segunda bota.
Atira, dessa vez para trás de si.
Está sem meias.
Encara novamente o público.

A moça avança de um lado para o outro do palco.
Desliza os pés descalços.
Não se preocupa em manter a pose como bailarina.
Anda o mais depressa que consegue.
Parece atarefada.

Volta para o centro do palco.
Rasga a sua camiseta, mostrando o sutiã.
Atira os farrapos na plateia.
Alguém se afasta do pano que cai, talvez com medo.

Ela está quase ofegante.

Abre o botão e o zíper de sua calça jeans.
Uma senhora leva a mão à boca.
A moça abaixa a calça.
Balança a perna para se livrar do jeans.

Ela desce do palco.
Encara a primeira fileira da plateia.
Um homem se encolhe na cadeira, intimidado.

Ela volta para o centro do palco.

Tira o sutiã. Atira a roupa íntima no chão
e se senta em cima.
Ajoelha-se no centro do palco.

Desliza os dedões pela calcinha.

Rasga seu último pedaço de roupa
com fúria.
Levanta-se. Fica de pé,
as pernas semi-abertas.
Encara a plateia de frente.

E grita.

Caio Mello
17/03/2013

quarta-feira, 13 de março de 2013