domingo, 22 de fevereiro de 2015

Não ser



Permaneço completo no silêncio.
Oblíquo.
Minhas mãos já não pertencem mais
aos meus punhos.

O sonho distante é agora pueril.
A imensidão da noite
faz-me tremer.

Seria o silêncio? O pertencimento?
Aquilo que sou ou que
deveria ter deixado de ser.

Mas eu não sinto mais.

Caio Bio Mello
22/02/2015

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Tragicomicidade



Tu és o sonho de uma mente dilacerada.
Mil faces em mil tamanhos,
olhando de soslaio por um milhão de janelas
todas sem resposta e sem o menor sentido.

Eu, sonho enclausurado de um homem
viajando pela galáxia do mundo.
Vejo-te e te perco, por anos cem,
nos centésimos de cada segundo.

Será que a vida uma resposta tem?
Nessa ausência de pulsação me afundo,
meus olhos, mesmo fechados, não dormem
e permanecem num torpor profundo.

Meu peito, nova âncora no oceano,
puxa-me no atlântico turbilhão.
Afogo-me já progressivamente

ao pensar nessa ilustre imensidão
que me devora a alma e puxa a mente
e eu... Eu deixo de ser só um humano.

Sou antes uma falha, eu-ignoto,
sem respostas, nem detalhes.
O plástico indeciso que derrete
ao sabor de uma chama nova.

O cheiro tóxico que invade o ar
e que busca, aleatoriamente,
uma resposta qualquer que houvesse
em um canto fresco de uma calçada errante.

Assim desfeito, encontrar-te-ei
na escravidão cotidiana,
por detrás de meus olhos, míopes e embaçados,
já sem o ímpeto de qualquer reação.

Terás, então, o deleite tragicômico
de encontrar o que precisas no exato momento
em que a necessidade já se desfez
tal qual sofre o pobre grão de açúcar a ser
afogado sem piedade na xícara de café.

Nesse dia, dotado de um alinhamento ectoplasmático,
estaremos tristes. Nós dois juntos.
Ainda sem resposta.

Caio Bio Mello
08/02/2015

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Relacionamento

Gostaria de encontrar
uma mulher
que coloque flores em minha casa. 

Não quero dinheiro,
nem fama, nem poder,
nem comida e roupa lavada. 

Só quero flores. 
Elas me acalmam. 

Caio Bio Mello
04/02/2015