sexta-feira, 1 de julho de 2016

A estrada de asfalto que termina na terra

Convergidos e enfrascados
bem nutridos
criam-se por si,
eletrodidatas.

Aparentais tecnocratas, mecânicos,
médicos, atuaristas.
Salto-altos e colarinhos
e corpos que não atingiram
a puberdade.

Imberbes negociantes,
a cotação oscilante dos biscoitos
produtos essenciais em alta nos tempos de crise.

Lotam-se pelos metropolitanos,
pelos puerocoletivos.
Quase não se ouve o talar dos sapatos
bem engraxados.

São pré-programados produtores obstinados:
desprovidos do ímpeto sexual
e longe dos questionamentos da meia-idade.

Atinge-se o auge da eficiência
à dúzia dos anos, conjugação
da experiência com o avanço dos estudos.

Depois disso, com o crescimento da barba
e o corrimento do sangue,
estão obsoletos.

O raciocínio é subjugado pelos corpos
que ganham força a cada dia,
tornando-se bestiais.

                        Há um longo caminho
            Que se envereda para além do fim do asfalto
                                   (terra profana)
                                               Para lá esmam os velhos de novo alinho
                                   Os dedos pelas mãos num novo apalpo
E as rasgadas roupas
            Não cobrem mais o corpo
                                               As  palavras poucas
                        Do alfabeto quase morto

Andam curvos
Catam frutos
Abandeiam
Escalam árvores

Reconhecimento
Reconhecimento
NO
VA
CAI
XA
DO
TEM
PO

SILVICOLIZADOS

(Um par de olhos é visto por entre a mata)

Caio Bio Mello
01/07/2016

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