segunda-feira, 12 de maio de 2014

Amizade

Há pessoas que queremos bem
sem ter o menor motivo.
Não sabemos o por que,
nem conseguimos lembrar desde quando.

Um amigo antigo que, por datas, reuniões e compromissos,
acabou se afastando... Mas que nunca deixou
a memória de uma vez por todas.
Ele continua ali.

Numa bela manhã você, passando por uma lanchonete,
se lembra: ele tomava café sem açúcar.
Ali está seu amigo de volta: na sua frente
como se o ontem fosse um breve relutar do ponteiro.

E, vez em vez, reencontramos os amigos bons.
Por horas a conversa dura, recolocando no peito
aquilo que o mundo afastou mais por descuido
do que veramente por desejo.

 E há, também, o gosto ainda mais curioso:
aquele querer-bem de uma pessoa recém-conhecida.
Os olhos batem, a luz reflete e alguma coisa perfura sua mente
sem que perceba: eu gosto desse cara. Gente boa.

Não é por causa das roupas que ele usa,
não é por causa da educação tem,
não é por causa de obviedades que ele carrega.

Gostar de prontidão é gostar nos detalhes.
Um aperto de mão e um tapa nas costas.
Um sorriso no canto da boca.
Uma risada bem no momento que você esperava.

E pronto. Assim, sem mais nem menos,
como se a vida não tivesse a menor cerimônia
para seguir em frente,
temos um novo amigo no bolso.

Talvez, os velhos amigos tenham começado como
os amigos do querer-bem de primeira.
Dizem as histórias que, num universo paralelo,
almas já nascem unidas desde sua concepção
e basta que a vida as esbarre no dia-a-dia
para que a confirmação dos séculos
possa aconchegar-se em sua completude.

Novo ou velho, caduco ou reposto,
remendado ou reencontrado,
esses amigos têm algo em comum:
são muito raros de se encontrar
e impossíveis de se esquecer.

Caio Bio Mello
12/05/2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário