quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Consterno



Aos berros, nos encontramos no inferno,
coletivo chamado legião
das almas tão geladas quanto o inverno
que marcham no ninho do coração.
                                                           corrosão
Sofrerás o que sofro, subalterno
à mendicante dor e à perdição.
Serás inanimado ser eterno
fadado ao esmo na obliteração.
                                                           imensidão
Não. Já não mais sobram as luzes que transcendiam a carne
e possuíam a realidade. Condição triste de vida,
estúpida e esquálida, na irrealidade do todo.
Meus punhos, atados e sangrentos, queimam.
                                                           degeneração
No mesmo modo hibernarás que hiberno
ao fechar olhos, sem ver solução,
sempre gritando ao silêncio paterno
que leve à morte pela inanição.
                                                           podridão
Maldição. Não tiveste lápide, não tiveste respeito,
não tiveste dinheiro, muito menos amor.
Estarás tão perdido que guardarás em teus pulmões
o último suspiro que deste em vida como um grande tesouro.
                                                           rouquidão
Parirás a criança ao mundo moderno
que já nascerá cega da visão
e viverá o fúnubre fraterno
ânimo coletivo solidão.
                                                           desolação
Sobra-te só sentimento prosterno
de, por fome, devorar o varão.
Subjugado o sentimento materno,
teu futuro acaba na digestão
                                                           involução
daquilo que criaste com amor e carinho...
E, depois de deglutida tua prole,
voltar-te-ás ao que te restou
e, enfim, consumirás teu próprio corpo.
                                                           redenção
Primeiro os braços
depois as pernas
depois os olhos
depois as tripas
até não restar mais nada.

TTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTT TTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTT
TTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTT
TTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTTT


Caio Bio Mello
29/01/2014

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

domingo, 26 de janeiro de 2014

Sompete



Ei-lo:
na morte se destacando
por tocar o seu trompete.

Sim:
Hoje é dia de DOMINGO.
INGOINGOINGOINGOINGOINGO

A sua canção é doce
dança e dança é doce e dança
HHHHHHHHHHHHHHHHH
HHHHHHHHHHHHHHHHH
HHHHHHHHHHHHHHHHH
HHHHHHHHHHHHHHHHH
HHHHHHHHHHHHHHHHH
HHHHHHHHHHHHHHHHH
Bem assim segue o seu ritmo
doce, tranquilo, sorrindo...
Hoje é dia de DOMINGO.

Caio Bio Mello
26/01/2014

Gris



Eis aqui, o pequeno e ilustre corpo
em mares oníricos já sonhado
bem tantas vezes, e assim, tão absorto   
que nem mais sabe qual o real lado

e qual o idealizado.  
Pois bem assim o continua
mais da vida vivendo morto,
mente na Terra e os pés na Lua,
sem jamais encontrar conforto.
O corpo que atravessa a nado,

sempre em busca de inspiração, o porto
no qual seu benfeito será seu brado  
com que vencerá seu coração torto
e os demônios que habitam seu gramado.

Eis o corpo que me foi dado:
                        a pele alva, fina e nua.
                                               A cicatriz de um todo roto
                                                           que com a vida não atua,
                                                                                  que veio ao mundo revoltado.

Caio Bio Mello
26/01/2014

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Defuntário



Saber o verbo dos mortos,
assim, ao pisar nos corpos
saberá pedir perdão.

Caio Bio Mello
22/01/2014