quarta-feira, 10 de julho de 2013

Lixo mundo



Estou farto desse mundo lixo.
Farto das pessoas, dos discursos.
Talvez a sensibilidade tenha me corroído
ou talvez eu seja só mais um grande imbecil ainda vivo.

O fato é que estou farto.
Dessa lisura aparente
e da latente podridão do mundo.

Cansei dos ternos, das gravatas
e dos saltos femininos de grife.

O asfalto me sufoca, a fumaça me deixa surdo
e a distorcida educação me queima no estômago.

Estou cansado da falta de tudo!
E da presença de um novelo inutilizável
e indizível de inverdades burocráticas.

Eu tenho nojo desse universo paralelo
escondido por debaixo de nossos bueiros.
Os ratos, as raízes, as entranhas e a poeira.

Estou descontente. Descrente.
Meus olhos não enxergam,
apenas refletem a realidade
que se amontoa à minha frente.

O sentimento das coisas é não poder senti-las
mais, apenas consumi-las.
Devorá-las, se preciso, degluti-las.

O depósito de segredos bem guardados
por debaixo da cuia.
Os dizeres envidraçados e os ca(s)cos
dos cidadãos.

Basta! Por favor!
Em nome de Deus.
Ou em nome da República, oh, ateus.

Em nome do que for,
para onde for
e com qualquer origem.

Desde que isso acabe uma hora.
Tudo tem um fim.

E não essa progressiva bola de neve olímpica
que vai acabar na Sé.

Imagina isso em casa... Na mesa.
Na sala. No quarto.
Agora imagina isso na copa! Que absurdo!

Que os raios partam,
e que dividam e dilacerem todos
e no mar das incertezas
navegaremos no mundo incompleto.

Que por falta de serenidade e transparência
já o temos – pútrido e estéril.

Chega! Eu suplico!
Não o façam por mim, nem por si mesmos.
Façam em prol de algo maior,
algo que os seduza.

A caridade, a crença, a política,
o lucro, a gula, a salvação...
Tanto faz! Eu não me importo!

Me importa que o façam.
Meus motivos não apetecem a vocês?
Eu tenho minhas idelogias de humano-só.
Um ser vivente que crê em algo.

E que diferença faz?
Ao fim de alguns meses,
parecem manadas inteiras de quadrúpedes
correndo pelo Planalto Central
sem norte nem sul que os guiem.

Então, calem a boca de uma vez por todas!
Fiquem quietos por uma semana.
Abençoado é o zunido do bater rápido
de asas de uma mosca varejeira perto do discurso de vocês.

Bom, esse discurso não me importa mais!
Não importa, não faz sentido
e não vai mudar nada! Nada!

Mas que absurdo deixarem
esses animais ganharem um púlpito.
A praça da descrença é tudo o que nos resta,
numa eterna piada sem a menor graça.

Era tudo mentira. Como sempre.
Era tudo um gigantesco, colossal
monte de estrume empilhado
por cima das janelas bem polidas.

Eleita a melhor pocilga do universo.
O mundo real que o diga,
reflexo tortuoso de nossos sonhos.

Bem... Sonhos o são. E ponto.
Quem os diriam verdades?
Já se calaram aos longos do século.

A despolitização de todos,
do mundo, dos armários,
das serras elétricas, dos ônibus,
dos recém-nascidos e dos cadáveres amontoados no IML.

A tudo: o meu mais profundo nojo. Asco.
Verdadeira ojeriza.
Que corram atrás de seus próprios rabos
e permaneçam em suas pequenas poças de lama
fazendo reuniões e graça e aumentando impostos.

Mundo lixo, já disse.

Caio Bio Mello
10/07/2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário