Estou
farto desse mundo lixo.
Farto
das pessoas, dos discursos.
Talvez
a sensibilidade tenha me corroído
ou
talvez eu seja só mais um grande imbecil ainda vivo.
O fato
é que estou farto.
Dessa
lisura aparente
e da
latente podridão do mundo.
Cansei
dos ternos, das gravatas
e dos
saltos femininos de grife.
O
asfalto me sufoca, a fumaça me deixa surdo
e a
distorcida educação me queima no estômago.
Estou
cansado da falta de tudo!
E da
presença de um novelo inutilizável
e
indizível de inverdades burocráticas.
Eu
tenho nojo desse universo paralelo
escondido
por debaixo de nossos bueiros.
Os
ratos, as raízes, as entranhas e a poeira.
Estou
descontente. Descrente.
Meus
olhos não enxergam,
apenas
refletem a realidade
que se
amontoa à minha frente.
O
sentimento das coisas é não poder senti-las
mais,
apenas consumi-las.
Devorá-las,
se preciso, degluti-las.
O
depósito de segredos bem guardados
por
debaixo da cuia.
Os
dizeres envidraçados e os ca(s)cos
dos
cidadãos.
Basta!
Por favor!
Em nome
de Deus.
Ou em
nome da República, oh, ateus.
Em nome
do que for,
para
onde for
e com
qualquer origem.
Desde
que isso acabe uma hora.
Tudo
tem um fim.
E não
essa progressiva bola de neve olímpica
que vai
acabar na Sé.
Imagina
isso em casa... Na mesa.
Na
sala. No quarto.
Agora
imagina isso na copa! Que absurdo!
Que os
raios partam,
e que
dividam e dilacerem todos
e no
mar das incertezas
navegaremos
no mundo incompleto.
Que por
falta de serenidade e transparência
já o
temos – pútrido e estéril.
Chega!
Eu suplico!
Não o
façam por mim, nem por si mesmos.
Façam
em prol de algo maior,
algo
que os seduza.
A
caridade, a crença, a política,
o
lucro, a gula, a salvação...
Tanto
faz! Eu não me importo!
Me
importa que o façam.
Meus
motivos não apetecem a vocês?
Eu
tenho minhas idelogias de humano-só.
Um ser
vivente que crê em algo.
E que
diferença faz?
Ao fim
de alguns meses,
parecem
manadas inteiras de quadrúpedes
correndo
pelo Planalto Central
sem
norte nem sul que os guiem.
Então,
calem a boca de uma vez por todas!
Fiquem
quietos por uma semana.
Abençoado
é o zunido do bater rápido
de asas
de uma mosca varejeira perto do discurso de vocês.
Bom,
esse discurso não me importa mais!
Não
importa, não faz sentido
e não
vai mudar nada! Nada!
Mas que
absurdo deixarem
esses
animais ganharem um púlpito.
A praça
da descrença é tudo o que nos resta,
numa
eterna piada sem a menor graça.
Era
tudo mentira. Como sempre.
Era tudo
um gigantesco, colossal
monte
de estrume empilhado
por
cima das janelas bem polidas.
Eleita
a melhor pocilga do universo.
O mundo
real que o diga,
reflexo
tortuoso de nossos sonhos.
Bem...
Sonhos o são. E ponto.
Quem os
diriam verdades?
Já se
calaram aos longos do século.
A
despolitização de todos,
do
mundo, dos armários,
das
serras elétricas, dos ônibus,
dos
recém-nascidos e dos cadáveres amontoados no IML.
A tudo:
o meu mais profundo nojo. Asco.
Verdadeira
ojeriza.
Que
corram atrás de seus próprios rabos
e
permaneçam em suas pequenas poças de lama
fazendo
reuniões e graça e aumentando impostos.
Mundo
lixo, já disse.
Caio
Bio Mello
10/07/2013
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