Estar
ali, na beira do deserto,
a
ponta aguda do ferrão da abelha
à
qual já me acostumei.
(saboreio-me
com seu veneno)
O
fogo que flameja
e
o corpo que já não mais se sustenta
sofre
por queimaduras mil.
A
pele se solta e a carne, pútrida,
lança-se
pelos auditórios do universo.
Os
dedos que perdi,
as
borboletas que permanecem em meu peito
reclusas
em seu claustro de costelas
como
se o futuro fosse um sopro.
Não
se lança, não se vende, nem se refaz.
Tento
me recompreender,
como
na eterna busca por um início.
Porém,
já estou cinza e doente.
Crescem
musgos em meus olhos,
as
vistas limitam-se e o garoto de noventa
arde
em chamas.
Pequenas
formigas carregam minhas sensações
por
dentro de minhas veias ressecadas.
Perdeu-se
a pueridade.
E
o corpo, sepulcro da alma,
envolve
um sofrimento sombrio como as nuvens carregadas.
Sua
descarga será elétrica: fatídica.
Simples
libertação do eu-lírico ao infinito da metafísica.
Caio
Bio Mello
07/12/2014
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