Não
há redenção no caminho dos sombrios.
A
exclusão de si mesmo,
como
um reflexo pálido em um vidro frio,
devora
a carne com dentes apodrecidos.
Há
castas, camadas e cascatas.
Vertem-se
os suspiros, os conta-gotas,
os
pelos arrepiados.
Não
há volta no labirinto
(caminho
disléxico muito bem regrado)
nem
dois trechos que se repitam.
Fechados
os olhos,
tudo
o que resta é esperar que a imagem
da
luz recente se desfaça novamente
em
veias e sangue.
A
profundidade da vida é imensurável.
As
teias da noite ou capturam gordos insetos
ou
são rasgadas pela exaustão.
O
que resta é manter-se existindo,
carregar
os genes tortuosos por futuros incertos,
pois
a madeira continuará a ranger
quer
o coração continue a bater, quer não.
O
corpo se desfaz. As penas perdem o voo.
Olhos,
quando de vidro, não têm o mesmo brilho.
Pernas
que mancam não têm a mesma desenvoltura.
Os
vincos. As cicatrizes. A atonalidade.
A
caixa com furos e olhos que se perdem.
O
fôlego abafado, quente.
Imerso
em seus próprios dejetos, ele permanece.
Crescem
os pelos.
O
frio entra pelas frestas. É bom que chegue logo.
Melhor
a certeza pobre
do
que a loucura rica do destino.
Fecha
o mundo e gira a fechadura.
Caio
Bio Mello
29/12/2014