sábado, 6 de agosto de 2016

A flor de pétalas azuis

Traz-me de volta à vida.

A flor de pétalas azuis
que bate asas, sobrevoando o silêncio.

Eu sinto o seu perfume correr
pelas minhas veias,
ouço o uivo de suas pétalas
na dança helicoidal da imensidão.

Conduze-me à luz,
leva meu corpo de volta para lá
de onde eu nunca deveria ter saído

Cá onde estou
                        há labirintos
            caminhos tortuosos
desconheço os limites

Posso despir-me de minha pele agora.

Estar nu comigo mesmo.

Rastejo e, no sangue, escrevo minhas palavras
meus versos

A planta cujas raízes aprofundam-se em meu coração
A cada batida
batida
batida
                                   sístoles e diástoles
batida

É mais forte que o álcool, que os foguetes,
                        é uma fome constante que tenho de algo que me pertence

De cor azul. Assim é o céu, o oceano, a flor. Algum automóvel.
Tenho pernas tortas, pés errantes (errar é humano).
                        Por isso, o bencaule. Meu pedúnculo.

Há um depósito imenso. Todas as caixas catalogadas, numeradas.
                                   Indispensável haver espaço.

É unifloresta, capaz de produzir todo o oxigênio
            de que necessito, por um período de um século.

Dizem que, no auge, é capaz, inclusive, de saciar a fome
            Mas isso ainda não me ocorreu. Sou famélico.

Sou eufórico. Desregrado. Por isso mesmo.

            Talvez, eu tenha perdido muita coisa.
Isso é o ideal. Espremer a pessoa até que lhe reste a essência.
                        Sobrevive a flor. Impressionante.

Caio Bio Mello

06/08/2016

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