Em meio ao lixo

O rato de pelos sujos

toca seus sonhos num violino

usando como arco 

seu rabo calejado. 

Bio

16/03/2017

Da série Miudeza

Petit pauliste

Nesta noite

serei embalado por uma luz tenra

que me cobrirá

e seremos a vida

da garoa que refresca as flores nos jardins.

Caio Bio Mello

05/03/2017

O poema de três faces

Der Schiff

As correntes que se aprofundam

                        numa ancoragem que nunca existirá

Não se vê o leito

Das Meer

Ich brauche mehr

Der Kapitän

A viagem é longa. Algumas marcas se afogam.

Outras emergem.

Caio Bio Mello

05/03/2017

Small talk

This table and a scotch.

I watch as you sit at the chair before me.

Our eyes meet

                        or maybe we have met before.

I think about other lives, a parallel Universe.

But you...

You softly giggle.

And it’s all I have ever needed in this whole damned life.

Caio Bio Mello

05/03/2017

Paz

Sinto o coração da terra

que vibra como uma revoada.

Respira a vida

na luz

                        gota após gota.

A atração sagrada do propósito.

O ciclo de chama, cinzas e adubo.

Germinosfera

a biota desgarrada.

Essa parte próxima

que é infinita. Eu posso ouvi-la.

Escuto-a novamente, depois de tanto tempo.

É como matar as saudades de si mesmo.

Um abraço quente, que lembra a infância.

Passos sonhos imensidões risadas

eu sinto. Tudo.

São muitas cores,

policromatia.

É um dom e precisa ser livre.

Pertence à vida, sempre foi dela.

Nesse exato momento,

a vida urge e urde. Eu posso ver.

É maravilhoso.

Caio Bio Mello

05/03/2017

Heroína

A mulher maravilha 

Conta o troco do bicho 

Sentada numa mesa de plástico 

Com logotipo de cerveja 

Bio 

01/03/2017

Da série Miudeza

Bittersweet eyes

Distante crua 

Trato-a distrato 

Nem sempre desjejua 

Afogo refogo afago

Temperomental 

Asso douro

Fatio deixo esfriar

Mastigo degluto delicio 

Mal passada, passo mal 

Meu bem me trouxe

Esse tempero agridoce. 

Bio 

21/02/2017