Com um esforço tremendo,
equilibrava-se sobre o joelho esquerdo.
O piso de madeira era gelado, mas nem tanto.
Abria a palma,
encaixava bem os dedos entre as almofadas.
Olhava fixamente para um só ponto
e fazia força.
Mas o corpo parecia não querer obedecer.
Era um trabalho descomunal.
A cabeça pesava,
como se estivesse sempre cansada.
Deixou-se cair novamente ao chão, cansado.
Ficou olhando para o teto por um bom tempo.
Não queria ficar piscando demais,
tinha medo de ficar com sono.
Dormir num momento como aquele
seria perder uma batalha.
Coçou a testa com certa dificuldade.
Podia ouvir sons distantes da cozinha.
Pratos, copos, panelas.
Algumas vozes abafadas
corriam soltas.
Colocou-se deitado de bruços.
Apoiou ambas as mãos no chão.
Escorregou ligeiramente, bateu com a
cabeça numa das almofadas.
Deitou-se novamente de bruços.
Conseguiu apoio e sentou-se.
Olhou em volta...
Nenhum apoio.
Arrastou-se até perto do sofá.
Sentou. Agarrou com muita força a beirada do braço do sofá.
Seus joelhos pareciam fraquejar.
Estava com medo, nunca sentira aquilo na vida...
Será que alguma coisa tinha mudado de uns tempos pra cá?
O que se guarda num corpo pelo tempo?
Ficou estático com os joelhos semi-flexionados por um bom tempo.
Enfim, atingiu a flexão total.
Logo em seguida largou a mão do sofá.
Estava radiante! Era agora!
Abriu as duas mãos e estendeu os braços.
Colocou um pé na frente do outro, jogou seu peso adiante.
Quase caiu, mas manteve o equilíbrio!
Mais um pé... Sentia seu pé gordo
afundar no piso frio.
Mais um pé!
Seus joelhos cederam, não aguentava mais o peso...
Caiu nas almofadas, radiante.
Maravilha! Um mundo inteiro a ser descoberto!
Enfim, os primeiros passos...
Caio Mello
30/08/2011
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