O coração que não bate.
Que só arde, queima.
O coração em chamas
como o mundo em carrossel.
O coração quieto, roto, velho.
Órgão nu. Pobre.
Deixando escorrer seu sangue
quente como chuva.
O coração velha caverna de outros dias.
Em meio às teias, quem será?
Um par de olhos de vidro.
Será que ainda guardam algo?
Com certeza não.
O coração é jaula enferrujada,
dotado de pequenos compartimentos aveludados
que separam eras, épocas e dramas.
O coração estúpido.
Velha lataria de chumbo grosso.
Rijo. Fibroso.
A parte da solidão que penetra na carne.
Antiga válvula de puxar e empurrar sangue
agora deteriorada.
Não tem olhos. Não tem boca.
Mas, se tivesse, contaria de suas angústias. Dividiria seus medos.
Se tivesse a capacidade da fala,
tristeria o mundo de insensatezes.
E isso não se faz.
Então, que se deixe morrer no peito.
Quieto, abafado entre as costelas.
Moído até sua última sístole.
O sangue morto no homem que anda.
Caio Bio Mello
11/10/2013
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