Sinto
agora, dentro de mim,
uma
vontade inegável de ser infinito.
Eu
tenho absoluta certeza de que
apenas
uma vida não será o suficiente
para
que eu possa completar tudo o que desejo fazer.
Sinto
que minha existência pode se esticar, dobrar
e
dar voltas ao redor de mim mesmo.
Sinto
isso como uma leve brisa que bate em meu rosto
e
que anima meu sorriso.
E,
ao mesmo tempo, sinto-me um completo imbecil.
Tenho
certeza de que tudo o que eu fiz até hoje
não
tem o menor significado
e
que eu necessariamente não vou deixar nada para trás.
Sou
apenas um retardado que acha que sabe alguma coisa,
que
decorou frases de efeito e sai pela rua repetindo elas
como
se isso fosse algo mais do que um macaco treinado
para
fazer repetições que agradam ao público.
E
tudo isso existe em mim – em minha carne, em meu peito.
Isso
borbulha por detrás de meus olhos
e
revira-se por dentro do meu pensar.
Talvez
a minha imensidão caiba num frasco de vidro,
assim
como todas as outras loucuras da vida.
Esse
sentimento agigantado pode ser nada mais do que um breve olhar
ou
um sonho estúpido de um homem ainda jovem
(que
ainda não conheçou o mundo de verdade).
Ou
– quem sabe? – talvez a minha própria limitação
seja
aquilo que me faz imenso, que me torna eterno.
Talvez
os meus sentimentos e minhas fraquezas
sejam
o verdadeiro ponto que me torna único.
De
uma forma ou de outra, ao arremessar a moeda ao ar,
a
cara e a coroa alternam-se nos rincões do Universo.
Realmente,
neste momento, a conclusão não faz a menor diferença.
Porque
descobri que
devorar
a minha fera significa me tornar, eu mesmo, ela.
Caio
Bio Mello
20/04/2014