terça-feira, 26 de maio de 2015

Desmembramento



DESMEMBRAMENTO
Assim como os
pedaços de mim perdem-se ao chão,
consumo-me.

Em meu sangue
navegam as dores
purulentas tristezas
                        que se dissolvem e se regeneram
            (de)gênesis do que fui.

Nesta antrorrevelação
seguem caminhos tristonhos
(segue o meu baú com sonhos)
em veredas mil                                   sombrias.

Uma palma solitária sem dedos
silêncio contínuo de hipofagia
ramificação de todos os medos
seguem sufocando o que antes havia

Maybe I should
Cry for help

A besta solitária no degredo
anda com as patas na neve fria.
O sol não brilha, mesmo ainda cedo,
e o animal afoga-se na agonia.

Maybe I should
Kill myself

E como saber o que é o presente?
Ele não fala, nem sofre, nem sente...
Uiva para uma Lua que inexiste.

[O corpo dança. Suave.
Transgride as linhas perpendiculares.
Permanecem oblíquos os olhares.
O piche se distribui. Não há olhos,
nem se reconhecem os limites da silhueta.
O que é aquilo?]

Resta-lhe permanecer no caminho,
pois lhe impuseram que fosse sozinho.
Cambaleante, seu corpo persiste.

Se pudesse optar, se soubesse permanecer,
                        se lhe permitissem abrir os olhos!
            Ele não sentiria mais frio. Nunca mais.

Porém, é pedra solta de construção demolida.
Seus olhos perscrutam a neve e a imensidão do mundo.
Nem neste globo gigante, nem na infinidade do Universo,
em nenhum rincão
jamais caberá tamanha tristeza.

Caio Bio Mello
26/05/2015

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