segunda-feira, 8 de junho de 2015

Duas retas



Duas linhas retas
                        separadas pelo tempo
            no turbilhão da vida.

Desencaminhavam-se como grãos de areia
perdidos em um milhão de iguais,
na homogeneidade discricionária.

O paralelismo
                                   ALEATÓRIO E moroso

reproduzia-se numa ânsia de incompletude.

A descolorenteza
assintótica arrastava-as uma para longe da outra.
O mundo, vasto mundo,
aproximava-as para deixá-las a poucos centímetros,
mas jamais permitia-lhes o sabor do toque.

Era o quase pelo nada. Nem sequer uma mísera tangente.
Na valsa rebuscada, eram o tempo e o contratempo.
Corações pulsantes, da mesma época, elaborados do mesmo fabril,
mas repartidos por um quarto de século.

Pois então, por um denominador comum,
regra excessiva de um cálculo impossível,
perdeu o prumo o destino e, em seu tropeço,
permitiu (por um átimo) que se vergassem as retas.

Para elas, bastou um único ponto,
um centésimo de segundo – e nada mais –
para que se fundissem por completo.

Jungidas, entrelaçadas, transformadas em novelo,
explodiram as retas num espiral de imensidão,
em cores, ângulos e curvas.

E, assim, ao dividi-las por si mesmas, multiplicaram-se
e, por resultado,
na raiz da equação, resultou o infinito.

Caio Torres
08/06/2015

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