domingo, 6 de março de 2016

O voo do jacaré

Em homenagem ao jacaré Sandro
Eu voltei a ser pássaro
o sobrevoo tranquilo
de uma chuva suave
seguida do sol acolhedor.

Tocar a terra, a grama.
De asas abertas, o horizonte me sorri.

Descanso, olhos fechados.
O momento, por si.
Deixei o concreto, o asfalto, o aço.
(sentimento abjeto)

Assim nada no lago o jacaré
livre das amarras, do preconceito.
Ele não se importa com qual a fé
que professa mesmo qualquer sujeito,

nem em saber quando viver até.
Bem na água do lago, ali é seu leito:
seja Amazonas ou igarapé
qualquer trecho de rio, solto é perfeito.

Por ser mais réptil, menos sub-reptício,
dar às coisas devido novo início.
Por ser mais terra, planta, mais carnal.

O novo começo de raiz.

Limpar do sangue o deletério vício
de viver sempre regrado artifício.
Viver a vida no estado animal.

A construção acolhedora da terra,
a arquitetura magnânima                               das formigas e dos cupins
            a morada dos sonhos, das estrelas.

Como rosa, vento, inseto, asa:
eu voltei para casa.

Caio Bio Mello

06/03/2016

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