Se
pudesses falar abertamente
falarias,
quem sabe,
sobre
tua falta de fé
não
aquela em Deus
(existe
metafísica em ti)
mas
na vida como presença.
Apontarias
as falhas, os erros,
as
ingratidões e as incompletudes.
Mas
quero que entendas:
parte
do que sou veio de ti
e
outra parte sou eu mesmo.
(e
ambos sabemos qual delas me define mais)
Aceitar-te-ei
assim como me aceitaste.
Um
farrapo em combustão,
esse
brilho forte que borra o foco.
Fundo
no fundo,
somos
mais parecidos do que pensas.
És
sonhador binário, eu, sonhador lálico.
Os
olhos mudam o trajeto vivido.
(vivemos
de miragens e oásis)
Passos
depois, olho para trás e vejo
flores
antes recônditas
perdidas
na visão pueril.
Tens
frutos e prole,
profundidades
e levezas.
És
presente aguerrido de tua própria existência.
Se
palavras voassem com tal intensidade
eu
poderia, então, dizer-te que
em
um milhão de vidas,
e
por tudo o que passamos,
eu
viveria tudo de novo.
Caio
Bio Mello
13/07/2017