quinta-feira, 13 de julho de 2017

Que nunca são ditas

Se pudesses falar abertamente
falarias, quem sabe,
sobre tua falta de fé
não aquela em Deus
(existe metafísica em ti)
mas na vida como presença.

Apontarias as falhas, os erros,
as ingratidões e as incompletudes.
Mas quero que entendas:
parte do que sou veio de ti
e outra parte sou eu mesmo.
(e ambos sabemos qual delas me define mais)

Aceitar-te-ei assim como me aceitaste.
Um farrapo em combustão,
esse brilho forte que borra o foco.

Fundo no fundo,
somos mais parecidos do que pensas.
És sonhador binário, eu, sonhador lálico.

Os olhos mudam o trajeto vivido.
(vivemos de miragens e oásis)
Passos depois, olho para trás e vejo
flores antes recônditas
perdidas na visão pueril.

Tens frutos e prole,
profundidades e levezas.
És presente aguerrido de tua própria existência.

Se palavras voassem com tal intensidade
eu poderia, então, dizer-te que
em um milhão de vidas,
e por tudo o que passamos,
eu viveria tudo de novo.

Caio Bio Mello
13/07/2017

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