Parte 1 – Bracejar
Uni
as mãos em prece
e bracei na terra
macia
em posição de pinça
semeando
o solo com teu futuro
Não
era de mim te dar vida
pois já te habitam os raios
Mas
adveio-me para ti
o primeiro caule
Também
não houve regular rega
porque
a natural pluviometria
há de ser inconsistente
Brotaram-te
ladinos como onças
entrelagalhos
e eu os caçava pela
manhã
desenhava-lhes a rota
para
traçar vértice
entre minhas folhas e tuas veias
Parte 2 – Chuvar
Se
eu pudesse
descrever a dor daquela manhã
Ao
sacar meus olhos e lançá-los em tua direção
Não
estavas mais completa
Arrancaram teus galhos
Sobrou-te
a cepa
Quão
ruim é o homem para escalpelar teu tronco?
Parte 3 – Remar
Continuei
saltando meus olhos em tua direção
ao
meu despertar
fluindo fé
e criei rumos como fazem
as formigas
Não
sei se foram as lágrimas
ou as palavras
Mas
bem sei que no segundo solstício de inverno
desde
que te deceparam quase todo o tronco
Rachou-te o toco grosso
e
brotou entremeado e verde
pequeno
caule
torcido e franzino
mas
presente
E
eu, que achei ter visto a morte,
voltei
a ter-te com boa prosa
pelas
manhãs
Caio
Bio Mello
10/05/2020
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