Circunmundo
Ouço-te
Nas ranhuras dos tijolos
E sinto-te vibrar
Como se eu próprio fosse
sulco
Desnecessito de olhos
para ver-te
Pois me basta pulsar
E eu pulso
Este sangue que é meu
É teu também
Fúria de extravasão
E só eu sei
Do dia que há de chegar
Em que outros poderão
sentir-te também
Nem que seja pelo medo
Quando estiveres
Nas ruas de lodo rubro
Marcando as calçadas com
entranhas dos corpos inertes
Que teimam em não ver.
Caio Bio Mello
18/09/2022
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