quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Fender

Por anos limou o Rio
As pedras e sulcou trilha
Para espraiar no mar
 
Súbito vieram afobadas pessoas
Que subiram ágeis barragens
E sufocaram o fluir da correnteza
 
Esperou o paciente Rio
A noite pesar nas pálpebras
E ao cair o sono
O Rio correu água nos corpos
 
Preencheu os pulmões de lodo
Embaçou os olhos de lama
Rasgou caminho na carne
 
E na manhã seguinte
Viu-se o leito de morte dos afogados
E o leito do Rio a reespraiar no mar.
 
Caio Bio Mello
20/07/2022

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