Fender
Por anos limou o Rio
As pedras e sulcou trilha
Para espraiar no mar
Súbito vieram afobadas
pessoas
Que subiram ágeis
barragens
E sufocaram o fluir da
correnteza
Esperou o paciente Rio
A noite pesar nas
pálpebras
E ao cair o sono
O Rio correu água nos
corpos
Preencheu os pulmões de
lodo
Embaçou os olhos de lama
Rasgou caminho na carne
E na manhã seguinte
Viu-se o leito de morte
dos afogados
E o leito do Rio a
reespraiar no mar.
Caio Bio Mello
20/07/2022
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