Quotidianamente, não
nos conhecemos.
O zumbido monótono da
vida
abafa nossa essência.
Os ternos, os carros,
as taxas
cobrem nosso sentido
de estar no mundo.
O corpo vazio
preenche-se
facilmente com
futilidades.
Não é nesse mundo que
vivemos.
Não é nessa carapaça pueril
que nos encontramos.
Não.
Vivemos mais fundo.
É na lama que
existimos.
Conheceremos a nós
mesmos
quando estivermos nus
e desprovidos de
qualquer defesa.
Quando as amizades
forem vergadas,
quando os ideais
forem contestados,
quando o próprio amor
nos trair,
então nos
encontraremos.
Cara a cara. Na
crueza da dúvida.
Seremos obrigados a
suportar
a nossa própria
carne,
a suportar o nosso
próprio bafo.
Sem espelho. Sem
perfume. Sem calçados.
Sem maquiagem. Sem charutos.
Sem aplausos. Sem
apertos de mãos.
Sem nada.
No fétido silêncio da
solidão
seremos obrigados a
sobreviver.
Sim.
Na pocilga,
lutaremos.
E somente os fortes
conseguirão reerguer-se.
Somente os poderosos poderão
fazer jus à vida.
O pior monstro do
homem é ele mesmo.
A vida interior é um
Universo íntimo, ínfimo e infinito,
no qual qualquer um é
capaz de se afogar.
Um mar de dúvidas e
memórias.
Nessa aventura minimalista,
seremos testados.
O corpo nos testa,
a mente nos testa.
A alma
condena.
A luta será pelo
auto-conhecimento.
O interior sofrerá
no inverno da
abjeção.
A própria mente
selecionará os fortes.
E quem viver, verá.
Finalmente,
do caos
da guerra
da lama
e do ódio
brotará um novo
indivíduo.
Consciente. Completo.
Coeso.
Caio Mello
14/04/2013