domingo, 14 de abril de 2013

A luta do eu-mesmo



Quotidianamente, não nos conhecemos.
O zumbido monótono da vida
abafa nossa essência.

Os ternos, os carros, as taxas
cobrem nosso sentido de estar no mundo.
O corpo vazio preenche-se
facilmente com futilidades.

Não é nesse mundo que vivemos.
Não é nessa carapaça pueril que nos encontramos.
Não.
Vivemos mais fundo.

É na lama que existimos.
Conheceremos a nós mesmos
quando estivermos nus
e desprovidos de qualquer defesa.

Quando as amizades forem vergadas,
quando os ideais forem contestados,
quando o próprio amor nos trair,
então nos encontraremos.

Cara a cara. Na crueza da dúvida.
Seremos obrigados a suportar
a nossa própria carne,
a suportar o nosso próprio bafo.

Sem espelho. Sem perfume. Sem calçados.
Sem maquiagem. Sem charutos.
Sem aplausos. Sem apertos de mãos.
Sem nada.

No fétido silêncio da solidão
seremos obrigados a sobreviver.
Sim.

Na pocilga, lutaremos.
E somente os fortes conseguirão reerguer-se.
Somente os poderosos poderão fazer jus à vida.

O pior monstro do homem é ele mesmo.
A vida interior é um Universo íntimo, ínfimo e infinito,
no qual qualquer um é capaz de se afogar.
Um mar de dúvidas e memórias.

Nessa aventura minimalista,
seremos testados.
O corpo nos testa,
a mente nos testa.

A alma
condena.

A luta será pelo auto-conhecimento.
O interior sofrerá
no inverno da abjeção.
A própria mente selecionará os fortes.

E quem viver, verá.

Finalmente,
do caos
da guerra
da lama
e do ódio

brotará um novo indivíduo.
Consciente. Completo.
Coeso.


Caio Mello
14/04/2013

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