Os limites entre a vida e o sonho
estão cada vez mais tênues.
Não sei mais se faço viagens abstratas
ou se o concreto me é palatável.
Estou me corroendo, me desfazendo.
Perdendo em mim o que há de ser.
As subjetividades multiplicam-se, somam-se,
e eu permaneço estilhaçado.
Ich bin
grau.
Ich habe
keine Farbe,
die ich
liebe.
Meine
Gefühl ist dunkel.
Há livros velhos na estante
que se desfazem com o tempo.
A terra há de comer, o verbo há de comer,
o sentimento será devorado
e somente as traças terão em seu bojo
a tristeza versada numa tarde pequena.
Desconheço-me
a cada dia mais.
Io ho dimenticato la gioventù,
io sono qualcos’altro.
E la notte non ha
più luce per me.
I see
myself as a distant friend
who I haven’t
seen for quite a while.
Is he real?
Am I a mirror?
Maybe my
verses are nothing but a stupid joke.
I am a
lyrical clown,
drowned in
makeup
and lost in
a dream,
the
infinite, endless and maze shaped dream.
Life’s and
endless maze.
Os caminhos bifurcam-se.
Dentro de mim, as veias fagocitam a carne,
diluem meus sentidos e
carregam enlouquecimentos.
O corpo padece, a mente perece.
Saber não é mais uma constatação.
É uma viagem hipersensorial,
diversas vezes desagradável.
Ich sehe zu
viel.
Sehen tut
mir weh.
Eu só gostaria de carregar essa doença a menos,
gostaria de poder contorná-la, externá-la como um traço.
A mera característica, um reflexo banal
como uma pinta ou uma cicatriz.
But my body
is my living proof.
And my mind
is my unliving standard.
Ninguém sabe de fato o que ocorre por detrás dos olhos de
vidro.
Ninguém jamais viu, ninguém jamais conheceu.
E o frio recôndito jamais será partilhado,
sofrendo o coração em seu inverno sem fim.
A pele se rasga, se desdobra.
A mente parte-se em múltiplas e se cansa.
Ich bin
müde. Kopf(welt)schmerzen.
Enterrem-me.
Por favor.
Preguem a caixa de madeira e sufoquem meu último suspiro.
Deixem-no abafado debaixo da terra
e tenham a decência de nunca chamar por mim.
Caio Mello
07/04/2013
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