domingo, 16 de março de 2014

Cordel do Homem de Fogo



O Homem de Fogo caminha
Pra trás de carvão pegada
Deixa o rastro de sua linha
No andar no meio do nada

Mito não tem sentimento
Mas do dito ninguém sabe
O dizer é só dizmento
Certo o nunca de verdade

O Homem de Fogo aparece
Num repente de tristeza
Nem rezar nenhuma prece
Pois só na morte há certeza

Homem certo do viver
Olhos por cima dos muros
Tanto tempo para ser
Olhos muito, muito duros

Dar a mão é cicatriz
Da vingança ninguém corre
Escapar nem por um triz
Menos dia tudo morre

Enterrado sai da terra
Desmortado vem à vida
Sua arma quando berra
É passagem só de ida

Bichofera sem limite
Deixa ferro marca viva
Sempre vem sem nem convite
Na chegada não festiva

Há quem diga, na verdade,
Que o armado se perdeu
Já faz tempo na cidade
Lá o seu amor morreu

E desde então seu corpo arde
Mata mesmo sem rancor
Mas agora já é tarde
Na vã busca sem amor

Caio Bio Mello
16/03/2014

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