domingo, 9 de março de 2014

Redesmere(cimento)



Eis o destino com medo de nós
olhos cansados no topo do m(h)orror
como se pudéssemos fugir de pequenos pesadelos
e estivéssemos inseridos em grandes sonhos

O dessonhar descabido do fim do carnaval
a apoteose múltipla dos sentidos perdidos
e dos homens sem dono
e das madames nas praças bonitas

É o silêncio que se vê
que se (pres)sente
no mais recôndito dia do ano
(aquele trinta de fevereiro que passamos juntos)

Sem que pudéssemos identificar o que nos faz falta
estamos defasados de nós mesmos sem saber ao certo
o que nos significa durar para sempre
ou morrer para o nunca

Um milhão de caminhos se dobram em minhas vistas cansadas
em versos que não se coadunam
que não se amam que não se multiplicam
que se perdem numa grande montanha de papéis sem n(s)exo

A carne se resse(a)Ca
desdobra-se nas minhas ranhuras nos meus perderes
nas minhas faltas de certeza e nas dubitáveis noites de domingo
das quais até o bomDeus duvida

Não culpo nem julgo nem aceitou nem nego
furam-se os olhos as vistas e os intestinos
com grandes úlceras do con(cre)to moderno

Ao procurar o belo se perdem e se desjuntam
e perdem os (l)imites e verbos sem a menor graça
sem a menor semântica que os pusesse no mundo

Ao som da valsa os cadáveres boiam
pela luz da madrugada
e meu peito arfa ao som de uma música que desconheço
mas que meus ouvidos já sentiram uma vez

Falham os dedos... Falham os dedos
momentâneo dessaber de conti(nu(a)ções)
ei-las todas (des)necessárias
o melhor então... Aposento(á-las).

Caio Bio Mello
09/03/2014

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