quinta-feira, 24 de julho de 2014

O pequeno poema



Eis o poema recôndito
com suas dobras, redemoinhos e voltas.
De perto, já não é quase nada.
De longe, uma silhueta ao luar.
Poeminha pouco,
grito rouco
de peito louco.
Pobres versos claudicantes
mancos da perna
e cegos dos olhos.
Pequenas palavras
que debilmente
se livram do que há
de humanidade em mim.
Este poeminha parco
que assim do tão nada
de tudo que se queira
já veio ensanguentado
(qual sangue da mão ou
da berne embalada a vácuo).
Poeta que se queira
se sabe pelo desejo
pelo vício imbuído na alma
nunca por egoísmo
ou simples vaidade.
Então, kleines Gedicht,
não te desrespeito.
Há falta de mim em minha carne
é isso que se perde no todo.
Por isso te desejo tão bem.
Essa tua ausência de literatura
que seja digna de análise dos mais
consagrados críticos
me dá um orgulho absurdo de ti.
Porque és errado feito teu pai.
Torto por dentro,
alma vergada pela vida e pelo vício
na desvairada ideia de seguir vagando
pelo que deveria existir de real.
Te admiro, meu petit poème.

Caio Bio Mello
24/07/2014


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