A
cascata de cores,
as
tranças que não lhe pertencem.
O
homem de orelhas aguçadas.
Água
aos pedestres em nosso
dilúvio particular.
Exército
dos assonados.
Asas
que se perdem, recomeçam.
Existem olhos que nunca se fecham,
bocas
que nunca se alimentam.
Momentos
de abstração.
A
piscina, o fôlego redobrado,
a
boca seca,
ressaca.
Debaixo d’água podemos ver tudo, não
é?
Aquele
sorriso indescritível que me tomou os olhos,
as
vistas – a proibição. Delícia.
(desliza perfeita
pela água)
Retorno,
pequenos silêncios,
luzes
que se apagam.
Há aquelas que fazem muito barulho
e outras propensas ao
silêncio.
Tenho
medo do silêncio, ele me corrói.
A
vida sempre deve ser selvagem.
Pratos,
talheres, cortes.
Diálogos
rasgados nos dentes como os bifes,
como
os macarrões e os molhos vermelhos.
Vistas
ressecadas. A imensidão da noite
me assombra e me assemelha. Eu sou o caos.
Breve
espaço para aqueles versos. Descrição.
Mais
universos. Reinfâncias em despueridades.
Ser
velho é estado de espírito.
Diálogos,
aproximações. Desterro.
Um
ato de retenção.
Já
há, em mim, um caos tão profundo
que
me impede de participar do caos coletivo.
Há
limites e eles devem ser respeitados.
É algo que me circunda, que me
define.
Mas
não me domino, não me pertenço.
Quem
me dera possuir. Ou
ser.
Os verbos seduzidos.
Os
olhos de jardim. Não os via há anos,
desde
o último expurgo. O penúltimo erro.
São
outras carnes, meras conjecturas.
Há
estrelas por todas as partes. Ela brilha demais. Esse cheiro.
Fui pego em armadilha. Sou
extremamente fraco.
Deus
perdoa os errantes. Eu erro, perdoa-me.
O choque. O horror. O
horror.
O
horror. O
horror.
Nada novo, nada desconhecido.
Mas
aquele gosto amargo de lembrar
o mesmo sentimento de falta
de honra. Nunca muda.
Explosão.
Sem pensar. Profundidade sufocante. Não existe ar.
Não existe mais ar, não posso
respirar.
Então
caminho. Caminho
muito.
Atravesso
os laços, os silêncios,
e
meu
estômago se revira.
Eu
me reviro. O
horror.
Alimento.
Água de coco. As janelas das casas
parecem
tão vazias quando as olhamos da rua...
Me pergunto se vale
mesmo a pena.
Talvez não. Um
voto.
Respire,
respire, respeite.
As
pedras no chão sujaram meus sapatos.
E,
agora, o último poema de minha vida.
Caio
Bio Mello
10/02/2016