segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Vejo-te, sem ver a ti

Eu te carrego,
dormes tranquilo.
Teu prateado
                        ao vento.

Sonhamos tua voz
            mil palavras
num sorriso.

Eu vejo teus olhos
            que tocam a terra.

Estás num sonho
                                   com a imensidão das lúcidas estrelas
que nos atingem.

Vem a noite e me segredo.
                        Enraíza-te.

Sinto o cheiro serenado da memória,
            sol, almoço de domingo.

                        Encolho-me

o dia.
            Raios de árvore.
            Galhos-luz.

És tronco e folhas.
Sou criança e ouço tua seiva.

                        Aflora-te, primavero.

Lacrimejo tuas raízes,
o sumo que partilhamos.

Eis que frutificam
os bem-te-vis
que desabrocham
agora sei de onde vêm
e os tenho livres
em nosso jardim.

Caio Bio Mello
15/08/2016

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