sexta-feira, 1 de julho de 2016

A estrada de asfalto que termina na terra

Convergidos e enfrascados
bem nutridos
criam-se por si,
eletrodidatas.

Aparentais tecnocratas, mecânicos,
médicos, atuaristas.
Salto-altos e colarinhos
e corpos que não atingiram
a puberdade.

Imberbes negociantes,
a cotação oscilante dos biscoitos
produtos essenciais em alta nos tempos de crise.

Lotam-se pelos metropolitanos,
pelos puerocoletivos.
Quase não se ouve o talar dos sapatos
bem engraxados.

São pré-programados produtores obstinados:
desprovidos do ímpeto sexual
e longe dos questionamentos da meia-idade.

Atinge-se o auge da eficiência
à dúzia dos anos, conjugação
da experiência com o avanço dos estudos.

Depois disso, com o crescimento da barba
e o corrimento do sangue,
estão obsoletos.

O raciocínio é subjugado pelos corpos
que ganham força a cada dia,
tornando-se bestiais.

                        Há um longo caminho
            Que se envereda para além do fim do asfalto
                                   (terra profana)
                                               Para lá esmam os velhos de novo alinho
                                   Os dedos pelas mãos num novo apalpo
E as rasgadas roupas
            Não cobrem mais o corpo
                                               As  palavras poucas
                        Do alfabeto quase morto

Andam curvos
Catam frutos
Abandeiam
Escalam árvores

Reconhecimento
Reconhecimento
NO
VA
CAI
XA
DO
TEM
PO

SILVICOLIZADOS

(Um par de olhos é visto por entre a mata)

Caio Bio Mello
01/07/2016

sexta-feira, 10 de junho de 2016

domingo, 29 de maio de 2016

Ciranda do século XXI

Sequer te conheço.
Nos vimos.
Trocamos olhares.
Estamos juntos.
Apaixonados.
Estamos juntos.
Trocamos olhares.
Nos vimos.
Sequer te conheço.

Caio Bio Mello
29/05/2016

Mata

Há algo na selva
                        que corre
desliza no mato
olhos à espreita.

Que queres de mim?
                                   Serei a presa.
            O p(r)eso nas costas.

És animal caçador
                        inconfundível tato.

Tu tens de mim o cheiro do olfato.

Sou o silêncio, a falta de desejo
            desilusão.

                                               No inverno, os corpos tremem mais.
Há silêncios difusos e ideias mal colocadas
                       
                                   És meu pior castigo.
Meu fardo, meu amigo.
                                                           Tudo que sempre busquei, sem nunca desejar.

Essa ideia limitada, mal posta (colocada como a mesa da família que passa fome)
            Tens fome porque és selvagem. Vives de mim, de meu corpo.

Alimentação
de
meus nervos
seus dentes pálidos
cobertos pelo escarlate
das minhas tripas
evisceradas.

Hoje é dia de banquete.
            Mas todos têm sua vez.
                        Talvez reencarnes (um dia) como a presa
            que dilacerarei numa abocanhada

sedenta.

Caio Bio Mello
29/05/2016

Season finale

There is a flame inside of me,
a blazing feeling of resistance.
It whispers tales and mythologies to me,
showing the colors that I cannot see.

But today, my darling,
I feel sick. My mouth unravels into dust
(there is no secret in the decay).

All those images that I so fiercely create,
these stories that I cherish,
nothing has any meaning today.

But, please, I beg you:
take care of this child.
Every darkness has its own light.

You will meet the deepest Star
at the furtherst corner of the Universe.
The all-dragging combination of lights
(heartwarming Supernova).

The seed will blossom in only twelve days
and we’ll all be amazed as darkness
fades away from my smile.

And, just like that,
as fast as a flicker of the eye,
you’ll have me back.

Just be patient.

Caio Bio Mello
29/05/2016

terça-feira, 24 de maio de 2016

sexta-feira, 20 de maio de 2016

(Sem título)

Eu vejo 
As borboletas
No topo
Da montanha 
Me fascinam 
Da montanha 
No topo 
As borboletas
Eu vejo 

Tão leves. 

Bio
20/05/2016