segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Depois de um dia bem longo


Às vezes eu quero escrever um verso
desses que fazem as mulheres chorarem,
as crianças viverem, o sol girar.

Daí me dizem que a vida é curta,
que a bateria do meu computador tá quase acabando,
que poesia não vai dar em nada e eu preciso mesmo é ganhar dinheiro.

Então eu olho pra tudo isso...
E começo a escrever a primeira coisa que me vem na cabeça.
Eu faço bem rápido, nem penso direito no que botei no papel.

Vou rimar pão com mão, com mamão, com coração,
vou fazer todas aquelas rimas que a professorinha do ensino fundamental
tinha me dito que não era pra fazer.

Vai sair um poema bem bobinho, bonitinho,
que até uma criança de cinco anos conseguiria fazer.

Vou falar de uma bola, de um carrossel, de um passarinho.
Vou juntar tudo bonitinho, inhozinho. Vinho!

E os pais de família vão me chamar de infantilóide.
Os estudantes universitários vão me dizer que não entendo nada de arte,
vão dizer que meus versos são muito ralos.
Vão falar por aí na miúda que estou denegrindo a última flor do Lácio.
E vão rir de mim enquanto tomam coca-cola num bar perto de casa.

Depois de escrever esse poema besta feito porta,
vou me deitar na cama de barriga pra cima.
Depois de um longo dia, cheio de pesares e de obrigações e de taxas,
vou me deitar.

Simplesmente me deitar. E sorrir.

Vou dormir de barriga cheia.

Caio Mello
10/09/2012

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