Ali no mastro, um cheiro de estrume.
Bacia solitária no gotejar das manhãs.
A puta velha se ri do mundo.
Camisas rasgadas e olhos com sangue.
A máscara perdida de um rosto gordinho.
As panelas sujas empilham-se.
O corpo decapitado samba.
Debaixo das terras se escondem as vozes.
Um caroço preso na garganta dentro da árvore.
O palhaço aposentado com a maquiagem borrada.
Diarreia e vômito.
Atrás da banca o mendigo defeca.
O gosto velho de café requentado.
A gordura do corpo entra pelos ouvidos.
Não fazer pelo gosto de reclamar.
O tédio e a curva.
A velha-nova esquina do que se foda.
Os meninos mentem meninas.
Uma triste constatação de inverdades.
O cachorro sem pernas não pode latir.
O corpo flácido retumba na madrugada.
Carne moída no fundo do copo.
Lampreia, lombriga e lorota.
Cuspe sangue depois do cigarro agramático mal lavado.
A certeza da feiúra e a consequência da solidão.
O belo falso suicidade.
Um bilhão de pessoas. Ninguém se conhece de verdade.
Debaixo da mesa de jantar, namoradinhos desvirginam-se.
A hipocrisia das boas vestimentas.
Anéis em dedos e línguas.
A opa cidade gris.
Bipolaridade coletiva.
Bitolas incorretas incapazes de circular carvões.
A inutilidade grisalha.
Olhos que não cheiram as cores da morte.
O álcool nos tanques do fígado anidro.
Raquitismo poliglota e imberbe.
A solidão faz novos amigos.
Aquele último baile para se sentir repassado.
Homens que não nasceram para hominar, antes ruminar.
De segunda a segunda um peido por dia.
E, depois das pílulas, mais porra nenhuma.
Caio Mello
13/01/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário