quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O rio da vida



Lá está o novo dia,
a nos espreitar
do outro lado da ponte.

E nós, talvez livres por fora,
mas presos por dentro,
inicialmente permanecemos
estáticos.

Em cubos, caixas, fios.
Não sabemos exatamente onde começar,
nem onde dar partida, nem onde ter fim.
Somos, apenas.

Ficamos, por instantes,
naquele ambiente apertado e frio
enquanto cai a chuva
como se fosse lágrima da lua.

E nossos corpos tomam vida,
dançam pela noite, giram pelo dia.
Deixam-se estar, pipas enpinadas pelas estrelas.

Vencemos o frio, o medo, a chuva.
Invictos, ganhamos as ruas.
Tomamos as praças, tombamos os monumentos,
glorificamos as conquistas.

Montamos nossa própria revolução,
hasteamos nossas bandeiras.
As batalhas nos calejam
para que nossas mãos possam sustentar o mundo.

Esse próprio globinho azul, então, fica pequeno.
Do tamanho de um dedo, fino como fio de cabelo.
Pouco, quase nada.
Ele se reflete de leve em nosso próprio raiar.

Enfim, já não precisamos mais de pontes.
Somos leves o suficiente para flutuarmos até a outra margem.
Assistimos silhuetas de castelos, majestades, anjos!

Lá, em festa, nos espera o novo dia
de mãos dadas com nosso sonho de algodão-doce.

Caio Mello
03/01/2012




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