A
poesia está morta.
Não
ganha as ruas,
não
está aos domingos tomando sol no parque,
nem
mesmo na roda de conversas no bar.
Às
vezes perdida, considerada inexistente,
ignorada
por muitos. Abafada por enciclopédias.
A
poesia nunca deixou o papel,
nunca
saiu da tinta e das letras.
Não
possui brilho próprio, não reverbera como a música,
nem
tridimensiona como as esculturas.
Ela
jamais foi alguma coisa.
Está
apenas presa em livros empoeirados
e
devorados progressivamente pelas traças.
O
que seria, então, se não o é?
Como
considerar a poética existente,
sendo
que ela não vive, não pulsa?
A
colheita dos versos é feita pelos olhos.
Depois
de digeridas, as palavras
se
imiscuem ao indivíduo.
No
cotidiano, de supetão, o poeta
vê-se
surpreendido.
Perante
seus olhos, passa o mundo forrado
pelos
versos anteriormente mortos.
Ali,
finalmente tomam vida!
O
mundo real é abarrotado de antigas rimas,
de
frases construídas pelo labor delicado do escrever.
A
existência se aperfeiçoa pela poética.
O
corpo, então, é alterado. A fisiologia humana se transmuta.
A
poesia une-se simbioticamente ao corpo
e
ambos coexistem.
Agora,
jamais serão separados.
Finalmente,
a poesia encontrou sua vida.
Por
entre as fibras, as carnes do poeta,
em
seu coração manso e imenso,
é
que ferve o verdadeiro lirismo.
A
poesia está viva.
Caio
Bio Mello
21/09/2014
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