terça-feira, 30 de setembro de 2014

Abjeto



Nada do que escrevi até hoje
faz o menor sentido,
nem tem a menor utilidade.

As palavras se perdem – não se prestam,
não se prendem, muito menos se delineiam.

Meus versos serão abafados pelo esquecimento,
perdidos em algum canto do mudo
sem o menor peso ou qualquer significado.

E tudo pelo que lutei, tudo que busquei conceber
na vã batalha do lirismo
não passa de mediocridade insensata.

Palavras a esmo. Tempo desperdiçado.
Rimas raquíticas.

Letras e mais letras completamente estéreis.
A degeneração humana.
Força desperdiçada,
ideias cuja prudência as proibiria de existir.
(mas sou imprudente)

Tudo o que fiz jamais se prestará a algo.
Um grande conjunto de merda.
Notória estupidez de alguém
que se sentiu sufocado em pleno ar,
largado em abissal ausência de originalidade.

Que morram os versos. Todos eles.
Vou afogá-los na privada
de algum banheiro público.

Queimá-los junto com todas as roupas para
finalmente
andar nu
pelas ruas da cidade.

Caio Bio Mello
30/09/2014

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