Perdidos os homens
No templo das ideias
Pequenos desejos
Amalgamados
Em eternos peitos
Oscilantes
Próximas luzes
Como o brilho eterno
E sem fim
De todas as mentiras
Sem ponta nem portão
No final do deslumbramento
Desmembramento helicoidal
Em que pedaços caem
Como ventiladores caem
Como helicópteros caem
Como caem as balas
De borracha e de ferro
Fazendo da carne vidraça
Finalmente partível
Particulares ignotos
Na metrópole
Sempre atrasados
Subindo em vagões
Imensos intestinos de ferro
A madrugada hemilúcida
E lúdicos momentos
Que bailam
Que bailam
Ao sabor do vento frio
A barriga vazia
Refome
Refome (reforma agrura)
Disforme
Pequenas mentes subnutridas
Hipoamadas
Nensendo a solidão sem fim
Sem começo
Sem prolapso
Sem relapsolidão
Hercúleos medos
Pauras enclausuradas
Faróis e sirenes e bálsamos
Ah-agh-incorreria desconecte
Desconverte
Ângulo inflexão
Sem o passe não se passa
A obediência senil
Servilidão opaca
De queixos trementes
E queixas silenciosas
Já não se ama, não se ama
No mundo cru
Nada é aprazível
Ou deglutível
Não podem se alimentar os celíacos
Nem qualquer bípede
Que se digne
Pois é tudo crime
Caem os vídeos
Vergam as palavras
As lavras e colheitas
Ceifadas desde o princípio
Por instinto
Por intestinto
Por indestino precoce
Ali morre mais um
Olhos aberto maquinais
Na derradeira pose sofrida
De fome de medo de solidão
De desejo de desespero
De necessidade de frio
Vistas que desveem
Não há mais o que ser
De indivíduo defuntou-se
No piscar de olhos
Dedos fechados
Cadáver estatelado
Só mais um
Sóis nenhuns
Só mais um
Na luz na luz na luz
São todos feitos na luz
São todos feudos na luz
Mas não passa de mais um morto.
Caio Bio Mello
23/09/2014
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