terça-feira, 23 de setembro de 2014

Pamsa

Perdidos os homens 
No templo das ideias
Pequenos desejos 
Amalgamados 
Em eternos peitos 
Oscilantes 

Próximas luzes 
Como o brilho eterno 
E sem fim 
De todas as mentiras
Sem ponta nem portão 

No final do deslumbramento 
Desmembramento helicoidal
Em que pedaços caem 
Como ventiladores caem 
Como helicópteros caem
Como caem as balas
De borracha e de ferro
Fazendo da carne vidraça 
Finalmente partível 

Particulares ignotos
Na metrópole 
Sempre atrasados
Subindo em vagões 
Imensos intestinos de ferro
A madrugada hemilúcida 
E lúdicos momentos 
Que bailam 
Que bailam 
Ao sabor do vento frio 

A barriga vazia 
Refome
Refome (reforma agrura)
Disforme 
Pequenas mentes subnutridas 
Hipoamadas
Nensendo a solidão sem fim 

Sem começo 
Sem prolapso 
Sem relapsolidão 
Hercúleos medos 
Pauras enclausuradas 
Faróis e sirenes e bálsamos 

Ah-agh-incorreria desconecte 
Desconverte
Ângulo inflexão

Sem o passe não se passa
A obediência senil 
Servilidão opaca
De queixos trementes 
E queixas silenciosas 

Já não se ama, não se ama
No mundo cru 
Nada é aprazível 
Ou deglutível 
Não podem se alimentar os celíacos
Nem qualquer bípede 
Que se digne 
Pois é tudo crime 

Caem os vídeos 
Vergam as palavras 
As lavras e colheitas
Ceifadas desde o princípio 
Por instinto 
Por intestinto 
Por indestino precoce 
Ali morre mais um

Olhos aberto maquinais 
Na derradeira pose sofrida 
De fome de medo de solidão 
De desejo de desespero 
De necessidade de frio 
Vistas que desveem
Não há mais o que ser 
De indivíduo defuntou-se
No piscar de olhos 
Dedos fechados 
Cadáver estatelado 

Só mais um 
Sóis nenhuns 
Só mais um 
Na luz na luz na luz 
São todos feitos na luz 
São todos feudos na luz 

Mas não passa de mais um morto. 

Caio Bio Mello
23/09/2014

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