O cometa alado
alaga o céu com seu
rastro de arco-íris.
Do verde ao azul ao roxo,
início do caminho
e o trilho do brilho do ouro.
A criança dos olhos grandes
se deita tranquila
na grama coberta de sol.
Ela tem traços fraternais,
um certo detalhe de minha infância,
mas é antes futuro
do que memória - é meu irmão.
Os dias em que me deitava
no quintal da casa
de minha avó Iulisca
e admirava as nuvens
rasgando-se no céu azul
de São Paulo.
Eu cravava meus olhos
na imensidão
até o ponto de me duvidar
se eram as nuvens que fugiam
ou a Terra que girava.
Hoje mesmo vi um homem
no céu (por detrás da janela)
que parecia se erguer,
correr, lutar.
Ele tinha uma obstinação intensa
que me puxou os olhos por minutos.
As coisas verdadeiramente mudam,
mas alguns papéis e
sonhos de infância
sobrevivem à chuva e ao tempo
e fazem parte de nós.
Caio Bio Mello
30/09/2015