emergindo a esmo
na escuridão.
Pontos brancos
que intermitentemente
perdem-se em meio
aos flocos de neve
que despencam no silêncio.
É possível espreitar
as vistas pela janela.
Para notá-las, só mesmo
de soslaio
(não querem ser vistas).
Volumes amontoados
de grossos casacos
de um tremor incessante,
não se sabe se é paúra
ou frio.
São pesados olhos
que se agarram
que devoram
que buscam sem piedade.
Eriçam os pelos,
gelam a espinha,
reviram o estômago
e secam a boca.
Assustam porque têm fome,
sede, medo, tristeza.
Mas o que mais impressiona
os transeuntes
não é a pobreza, nem a imundície.
A densa verdade que os cobre
é perceber que lhes roubaram
os sonhos e, agora,
não fazem mais nada
que não vagar, se alimentar,
e andar sem rumo
até que seus corações deixem
de bater.
Caio Bio Mello
08/09/2015
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