sábado, 12 de setembro de 2015

A concepção primeva

Há um extenso jardim (primavera)
em que crescem, de nova era, árvores frondosas
cujos galhos se entrelaçam
no caminho do céu.


Milhões de pré-existências
que brotam e desabrocham
pelos gramados
imersos no sol quente.


As tardes macias se alongam
e espreguiçam o longo desejo de viver
(lembro-me das cerejeiras)


[Let's sail across the ocean
and let our beards touch the heavens.
We must keep on searching in the foam,
trying to find the true answer to life.
Is it all but a golden dream?
Will I soon awake?]
 


A poesia não existe.
Somos nós, com nossas vaidades,
nossos desejos, nossas paúras.
Não está aqui o verbo, ele não passa
de um breve mover de lábios.


Há a carne, o cardiopulsar incessante
de indivíduos bípedes que transeuntam ignotos.


Existem os dedos
          as pernas, os braços
                    os nobres abraços
          algumas memórias
                    e fotos de infância.


De viver, aquela ânsia,
do mesmo modo que cantam os pássaros ao singrar as mais nobre nuvens,
cujo voo norteia a transmutação pelo retorno:

o princípio-base, fundamento necessário,
a fronde dourada do peito aberto.
Doce inspiração encontrada por sorte
e a órbita lunar da
concepção primeva.

Caio Bio Mello
12/09/2015
 
 

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