sexta-feira, 14 de março de 2014

Cardioteca

Eis o que pulsa o sangue e a dor defeca 
este órgão da nossa alma carioteca, 
propenso à manifestação humana 
por ser o centro de tudo que emana. 

Velho cangaceiro do fim do mundo 
no bater de ser tão sentimental 
parte quente do peito moribundo 
que não sabe o que sentirá afinal. 

Eis o que segue, sente, sangra e ama,
oxigênio de todas as nações,
cimento do que se chama pessoa.

Eu digo ser ele quem sempre ecoa
como elo e fundamento das nações.
É o coração nossa eterna chama! 

Caio Bio Mello
14/03/2014

domingo, 9 de março de 2014

Redesmere(cimento)



Eis o destino com medo de nós
olhos cansados no topo do m(h)orror
como se pudéssemos fugir de pequenos pesadelos
e estivéssemos inseridos em grandes sonhos

O dessonhar descabido do fim do carnaval
a apoteose múltipla dos sentidos perdidos
e dos homens sem dono
e das madames nas praças bonitas

É o silêncio que se vê
que se (pres)sente
no mais recôndito dia do ano
(aquele trinta de fevereiro que passamos juntos)

Sem que pudéssemos identificar o que nos faz falta
estamos defasados de nós mesmos sem saber ao certo
o que nos significa durar para sempre
ou morrer para o nunca

Um milhão de caminhos se dobram em minhas vistas cansadas
em versos que não se coadunam
que não se amam que não se multiplicam
que se perdem numa grande montanha de papéis sem n(s)exo

A carne se resse(a)Ca
desdobra-se nas minhas ranhuras nos meus perderes
nas minhas faltas de certeza e nas dubitáveis noites de domingo
das quais até o bomDeus duvida

Não culpo nem julgo nem aceitou nem nego
furam-se os olhos as vistas e os intestinos
com grandes úlceras do con(cre)to moderno

Ao procurar o belo se perdem e se desjuntam
e perdem os (l)imites e verbos sem a menor graça
sem a menor semântica que os pusesse no mundo

Ao som da valsa os cadáveres boiam
pela luz da madrugada
e meu peito arfa ao som de uma música que desconheço
mas que meus ouvidos já sentiram uma vez

Falham os dedos... Falham os dedos
momentâneo dessaber de conti(nu(a)ções)
ei-las todas (des)necessárias
o melhor então... Aposento(á-las).

Caio Bio Mello
09/03/2014

sábado, 8 de março de 2014

Haikais do início de março

Haikai franciscano

Será mesmo fita
ou terá respaldo em fato
aquilo que eu faço?

Haikai poente 

Meu medo da noite,
real, é ter de acordar
mal rompe a manhã. 

Haikai do peito

Hoje arde meu peito.
Será que dessa vez morro? 
Já fúnebre leito. 

Caio Bio Mello
08/03/2014


Retroimerso

A paz existe
e ela se multiplica em mim.
Posso ouvir 
minha própria respiração,
pois estou tranquilo. 

A existência em mil cores
variedades infinitas de mim mesmo
todas imersas nesse momento. 

Estou aqui. Posso sentir isso. 
Adquiro a capacidade de 
multiplicar-me.

Sinto meu sangue 
correndo pela minha face 
e meu corpo sereno
em minha existência. 

Não me proíbo.
Hoje, meus sonhos são tudo.
Não vou pedir nada. 

Tão simples quanto 
o fechar de meus olhos. 
Sem grandes dilemas
sem grandes atos 
nem ricos versos. 

Hoje, basta-me eu mesmo. 
E, neste exato segundo, 
percebo que finalmente
enfrentarei minha maior batalha:
eu mesmo. 

Caio Bio Mello
08/03/2014

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Ao botar os pés no mundo

O mundo
é feito de dobras
e intersecções.

Tudo é muito,
é mundo louco. 

Nascer é botar o pé 
no tudo,
começo de nada. 

Respeitar o ciclo,
bater o tino e o pino
no fino conhecimento do ser.

E o ser é sorte? 
Seria esquecer?
És que ser?
O ser é pouco, quase nada. 

Viver é boi, é boiada. 
A continuação de poucos 
em muitos 
e, talvez, em mais ninguém.

No tempo de recomeçar,
já estamos velhos, grisalhos 
e amargurados. 

Estar no mundo 
é puro desespero. 
É desatino da alma! 

Pela frente, vejo mil cores. 
Dez milhões de caminhos 
Bilhões amores... 

O tempo que se gasta,
que se consome. 

Eu, por exemplo,
e meu versos...
Revoltos, desconexos! 
(e não haveria o eu sem eles)

E talvez essa simplicidade 
porca que nos assola.
"Morto de atropelo 
aos doze anos de idade 
quando atravessava a rua 
para comprar pão." 

Mundo cão. 
Um dia, tudo é tudo.
Confuso! 

No outro...
Tudo é nada, é ridículo. 

O baú de cada um 
carrega suas dores
e seus pesadelos. 
Só o baú sabe. 
Lá muita coisa cabe. 

E o mundo que se acabe...
Já se acaba talvez. 
Aos poucos, sem percebermos. 

No mais profético silêncio 
na calada da noite. 
Morremos. 

Caio Bio Mello
27/02/2014

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Watch

Our hearts are always ticking. 
We just have to listen
to which way the beat goes. 

Caio Bio Mello
23/02/2014

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014