Diversos homens diferentes.
Um milhão de pessoas.
Aquele que canta. Aquele que
fala. Aquele que apresenta.
Aquele que escreve. Aquele que
trabalha. Aquele que estuda.
Aquele preso a tudo e a todos.
Sempre incalculável.
Domando a si mesmo,
prendendo-se a um sofá.
Como se a limitação do homem
fosse sua própria ambição.
Seu desejo louco de ser tudo
e de ser ao mesmo tempo.
A vontade ilimitada
de dominar o mundo.
Os sonhos. Os sonhos.
E pretere-se a realidade.
A regressão ao início.
Tudo se perdeu, ficou pior.
Tudo foi esvanecendo
e o que sobrou foi a dor no
estômago.
As palavras... limitaram-se.
Perderam sentido.
Tornaram-se fracas
como há muito não o eram.
[Os meus olhos se fecham.
Sinto a solidão escorrer de meu
ouvido.
Sinto alguma coisa em mim
que já me deixa fraco.
Ao menos, sou]
A hora de ver
o homem suar
o dia vingar
a noite sair
assim pela rua
buscando no vento
no ar, quem diria,
vontade que diga
estamos de pé
o que já passou
passado passou
vivemos o hoje
o dia de novo
a noite que raia
a foice de raiva
falácia da vida
e nos encontramos diversos.
Ignotos, quem o diria?
As goteiras multiplicam-se.
É muita água.
Mas há apenas um balde na sala
sem chave.
Não sei mais sorrir
não sei mais matar
mas nunca matei
e sempre sorri.
Em mim, aquele desejo intrínseco
de seguir em frente. Talvez um desejo. Talvez uma risada, quem há de saber?
quem sabe?
E o simples eu, pedaço de algo
bem mais desmontado,
sai catando seus cacos embaixo da
pia como copo de vidro
que espatifa no chão e seus
intestinos se perdem.
As cores. Em sua ausência eu sou
a cor.
Eu sou o sol, o mar, o céu, o
pijama,
o sangue, a luz, o inferno.
E assim sou cor também.
Perdido, os olhos se fecham.
Perdido
Perdi
do perdi
do pe
rdido erpedio
perperdoidio dói
perdão.
Caio Mello
03/12/2011
E meta? Que meta? Se sou tantos e nenhum...
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