Vamos transgredir os limites da humanidade.
Vamos nos tocar.
Sentir a pele... Tão macia, tão delicada.
Vamos dormir embaixo da mesa,
naquela tempestade...
O chão frio é um oceano de duas cores.
Eu, campeão olímpico de cinquenta metros livres.
Vamos virar novelo.
O teu corpo envergando-se, retorcendo-se.
Suave como uma curva atômica.
As favas deslizam.
Vamos passar da carne. Sentiremos o gosto.
O tato. O cheiro inebriante.
O peito arfante. Meus nervos, perdidos.
Vamos, seremos perfeitos.
Naquele momento com gosto de morango.
Explodindo os meandros de nossa face,
a madrugada é o limite do raiar do dia.
Rair da manhã, do ser, raiar do terno.
(vantajoso é que a noite nunca acaba)
Não acabaremos. Vamos nos desfazendo aos poucos,
pequenos flocos de neve que se desprendem
desde a ponta dos dedos até os fios de cabelo.
Cessaremos a existência assim... Translúcidos.
Por fim, tocarei seus olhos fechados,
como se estivesse em outra imensidão. Um labirinto sem
começo.
E passarei um tempo eterno me perguntando
por que a humanidade resolveu criar o pudor.
Caio Mello
02/11/2012
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