sábado, 14 de dezembro de 2013

Interprevisão

 Eu vejo o mundo como uma só realidade. 
Vejo tudo aquilo que há para ser visto. 

Vejo as mulheres 
infinitas e desconhecidas 
e vejo os homens todos. 

Eu vejo um futuro enorme 
a realidade completamente sem limites. 
Uma infinidade de sentimentos perdidos
em meu peito desgarrado. 

Eu vejo aquela imensidão 
que jamais poderá ser medida 
e vejo as incertezas de meu peito 
e vejo as dúvidas das estrelas. 

Eu vejo um futuro,
aquela realidade necessária 
da qual talvez façamos parte 
ou simplesmente deixaremos tudo para trás 
ao saltarmos de uma janela. 

Eu vejo minhas mãos doloridas
meu olhos cansados
e meu peito vacilante 
sem saber se erro ou acerto 
se aceito ou se parto. 

Eu vejo o fim do mundo 
na ponta de meus dedos 
no significado de seus olhos
e nós demônios que cobrem meu corpo. 

Eu vejo as estrelas da noite,
vejo a noite em si,
vejo o sol estuporante 
me meio às estrelas 
enquanto todos somam seus brilhos 
para uma imensidão diversa
que jamais terá fim 
nem significado. 

Eu vejo as palavras 
todas elas. Todas. 
Ao mesmo tempo. 
Enxergo-as pelos objetos
pelos sentimentos
pelas pessoas 
pelo mundo que se dá vida a um filho a cada segundo. 

Eu vejo os milésimos! 
Cada gota de suor que escorrer do seu rosto eu vejo. 
Sinto o arfar de seu sussurro
Batendo-me assim tão doce aos meus ouvidos. 

Eu vejo aquilo que não pode ser visto 
vejo o fim de tudo começo da alma 
transformação repentina de meus olhos 
inconstantes e irreverentes. 

Eu vejo o amarelo do farol piscar
num simples dever de pino 
com a certeza dos passos apressados 
e vejo as pegadas largadas a esmo 
por passos ignotos.

Eu vejo os pássaros no céu. 
O Carcará, minha ave. 
Vejo as penas pedidas pelo voo 
numa necessidade de revigoração. 

Vejo unido. Junto.
Fraco, condoído. Sofrido. 
Sôfrego. Semimorto. 
Ao pequeno passo do fim. 
Mas, mesmo assim, ainda vejo o Universo inteiro. 

Caio Bio Mello
14/12/2013

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