quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Na tal casa de João



Há uma casa notória
por brilhar mais que as outras do bairro.
Humilde moradia de família vasta,
pequenos cômodos forrados por sentimentos.

Na tal casa de João,
todo mundo se gosta.
A tia Roberta sempre traz sua namorada, a Joana,
pra jantar junto nas belas noites de verão.

Na tal,
os presentes trocados são abraços, beijos,
felicidades e afetos.
O findar do ano simboliza a reunião de todos
os filhos de Dona Maria e de Senhor Astolfo.

Na tal,
o amigo secreto é um trocar de risos e sorrisos,
lembranças e memórias de tempos antigos.

As meninas e os meninos correm todos
pelo estreito quintal,
como se estivessem em um enorme campo de futebol.

O jogo corre solte,
as risadas voam alto
e a bola gira rápido pelo gramado recém-cortado.

João se orgulha do que construiu e
do que constrói a cada ano.
Sua mulher, Isabela, também se alegra demais.
A casa deles está sempre cheia.

A madrugada, ainda moça,
desenrola-se como os cachos das meninas
que esvoaçam entre uma jogada e outra.

Na tal,
João faz brevíssimos discursos
nos quais pretende explicar o mundo inteiro
em cores, imagens e sentimentos.

Um gosto doce paira por cima
deste largar de armas –
o efêmero hiato do cotidiano beligerante
com o qual estamos todos acostumados.

Ali, na simples moradia,
não há espaço para discussões profundas,
nem polêmicas infundadas.
A verdade apenas existe. E todos a conhecem.

Ela mantém-se
certeira como o nascer do dia,
suave como a garoa
e perene como o ar.

Diz-se que todo mundo é
feliz na tal.  

Caio Bio Mello
25/12/2013

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