domingo, 22 de novembro de 2015

Barragem


Em meio à lama e ao lodo,
vê-se um corpo
alma que (clara)boia
em des(natura) sequência química.

Vê-se a correnteza nefasta
da maquinamundi
ao revirar a ganância.

[Hoje, subimos muros mais sólidos que a intolerância,
mas somos incapazes de erigir um concreto
que sustente a água.]

O corpo se revira, não respira,
é arrastado pelos municípios.
Os moradores sedentos encaram
os peixes boiando.

As cobras, as lontras,
os iates – todos caudalosos
no desespero do doce ao amargo,
do azul à lama (da lama ao caos).

O defunto desliza, se desfaz,
não toma prumo e se esquece.
O (i)mundo que se inunda,
afunda e hiberna.

Perdemos ou estamos perdidos?
As respostas se contradizem
e os silêncios são afogados
em direção ao mar.

Não há como conter
se pensamos apenas em contar.

O corpo, meu Deus,
não é um homem...
É o rio e seu povo.
 
Caio Bio Mello
22/11/2015

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