Vocês,
seres
de xenofobia, ódio e intolerância, façam sua guerra longe das crianças.
Os
pequenos não têm culpa pelo racismo,
suas
ideias conservadoras ou totalitárias.
Não
destruam os lares, não interrompam os estudos,
não
façam perder o que apenas principia.
Guardem
seus discursos de ódio
para
quem também já odeia.
As
crianças têm o direito de optar,
têm
a liberdade de aprender para além das doutrinase a capacidade de sonhar
como nenhum adulto mais sonha.
Nós
não nascemos imbuídos de preconceito,
não
somos preenchidos com dogmas assim que rompemos ao mundo.
Não
há leis, nem códigos, nem doutrinas.
As
crianças têm o direito de um novo princípio, têm a possibilidade de refazer o que se perdeu.
As guerras não devem furar os muros das escolas,
nem queimar os livros,
ou silenciar os risos.
Cada
novo combate que os alcança,
repercute
por uma geração completa e mutila sonhos desde a raiz.
As crianças de guerra são pequenos adultos,
desde logo acostumados com a morte,
com o sangue e com o desespero.
Os olhos brilham de modo diverso.
Aquilo
que se percebe os amadurece
como
um pássaro ainda sem penas que se obriga a voar.
E
preenchem o mundo
com
verdades delicadas por quem foi obrigado a entender
o ódio antes mesmo
de conhecer o amor.
E,
anos depois,
talvez
quando amem (ou quando ensinem ou quando lutem)
farão de seu verbo
curto desmatamento (das flores que murcharam)
de quem teve que, ainda tenro,
aprender a sobreviver.
Caio Bio Mello
22/11/2015
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